Kennedy: Caminho para Bolsonaro voltar como Trump é bem mais espinhoso

Embora tenha celebrado a vitória de Donald Trump, eleito presidente dos Estados Unidos, Jair Bolsonaro tem um trajeto mais difícil do que o percorrido pelo republicano para se livrar de suas questões com a Justiça e voltar a ser um protagonista político, analisou o colunista Kennedy Alencar no UOL News desta quarta (6).

Em suas redes sociais, Bolsonaro chamou Trump de "amigo" e ligou a vitória do republicano ao seu próprio futuro político: "Talvez tenhamos uma nova oportunidade de restaurar o Brasil como uma terra de liberdade".

A vitória de Trump dá discurso para Bolsonaro escrever e falar o que está falando. No entanto, para infelicidade dele, o caso de Bolsonaro não está nas mãos de Deus e nem do eleitor, mas da Justiça. Ele tem uma condenação na Justiça Eleitoral e está inelegível. A Suprema Corte e a Procuradoria-Geral da República tramitam inquéritos sobre os atos golpistas de 8/1. A situação dele é completamente diferente.

A legislação americana permitia que Trump, mesmo com uma condenação em Nova York, pudesse ser candidato. A Suprema Corte dos EUA lhe deu uma espécie de salvo-conduto. São situações completamente diferentes.

O Brasil não é uma república de bananas. O Supremo e o Tribunal Superior Eleitoral serão barreiras para essa tentativa do Bolsonaro de embaralhar as coisas para fazer sobre o Congresso para aprovar uma anistia. Ele diz que é para diminuir a pena 'daqueles pobres coitados que foram fazer uma arruaça', o que é uma mentira. Tem gente comprando esse discurso na base congressual para incluir uma anistia dele.

O caminho para Bolsonaro ter uma volta como a do Trump é muito mais espinhoso. Depende de uma anistia no Congresso que será analisada pela Suprema Corte, e isso é inconstitucional. Esse caminho está bloqueado para Bolsonaro. Kennedy Alencar, colunista do UOL

Na visão de Kennedy, a vitória de Trump e a manutenção da inelegibilidade de Bolsonaro abrem o caminho para o fortalecimento de uma possível candidatura do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas à Presidência da República.

Quando foi presidente, Bolsonaro conviveu com Trump na presidência dos EUA e se comportou como um capacho, um vira-lata. Trump aumentou tarifas do etanol brasileiro para entrar nos EUA e Bolsonaro concordou com aquilo.

Trump está com discurso muito forte e controlou o Senado, mas nos EUA há algo que não existe no Brasil: os militares americanos são legalistas. Se Trump quiser aplicar medidas autoritárias, haverá uma barreira de contenção a ele nas forças armadas, que são leais à Constituição. Isso não aconteceu no Brasil durante o governo Bolsonaro e no 8/1.

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Quem pode colocar as asinhas de fora e se animar com esse resultado é o governador Tarcísio de Freitas. Bolsonaro continuará impedido de ser candidato em 2026 e Tarcísio precisará avaliar se vale a pena concorrer [à Presidência], se haverá condições na economia e se Lula será candidato, ou se vai para a reeleição [ao governo do Estado de São Paulo]. Kennedy Alencar, colunista do UOL

Tales: Vitória de Trump é recado a Lula para melhorar comunicação

A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos transmite ao governo Lula a necessidade de melhorar sua comunicação, afirmou o colunista Tales Faria.

Há um recado que Trump está passando para Lula e ele precisa entender. Hoje em dia, não é mais só economia; em tempos de internet, é a economia e a comunicação.

Uma frase que Trump usou muito na campanha foi: 'Vocês estão melhores agora do que antes?'. Joe Biden [atual presidente dos EUA] tem uma boa gestão da economia, assim como Lula por aqui, mas ele não conseguiu comunicar isso, assim como Lula também não. Tales Faria, colunista do UOL

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Jamil: Medidas de Trump podem elevar inflação nos EUA e afetar Brasil

Os planos de Donald Trump para a economia dos Estados Unidos podem causar a alta da inflação no país e respingar no Brasil, disse o colunista Jamil Chade.

As medidas planejadas por Trump para a economia americana são inflacionárias. A ideia é proteger o mercado, colocando tarifas contra produtos estrangeiros. Quando se faz isso, as mercadorias de fora não têm como entrar ou entram com preço mais elevado e, claro, existe um acréscimo nos preços internos.

Sim, isso é considerado como potencial fator de inflação nos EUA. Se isso acontecer, sabemos que o FED [Federal Reserve, banco central dos EUA] terá que agir e elevar a taxa de juros. Se o FED elevar a taxa de juros, sabemos o que acontece no Brasil. Jamil Chade, colunista do UOL

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