Topo

Kennedy Alencar

"Realismo" de Trump dura uma semana e ele volta a mentir nas redes sociais

Presidente dos EUA, Donald Trump, recebe bola durante atividade com jovens jogadores de beisebol nos jardins da Casa Branca - Kevin Lamarque
Presidente dos EUA, Donald Trump, recebe bola durante atividade com jovens jogadores de beisebol nos jardins da Casa Branca Imagem: Kevin Lamarque

Colunista do UOL

28/07/2020 12h14

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Durou exatamente uma semana a aparente seriedade do presidente Donald Trump para enfrentar a pandemia. Como de praxe, ele voltou a mentir e desinformar nas redes sociais.

Na noite desta segunda-feira, Trump republicou posts no Twitter com defesa da hidroxicloroquina e questionamentos à eficiência de máscaras e quarentenas. Também endossou acusação de que o infectologista Anthony Fauci enganaria o país com suas opiniões médicas.

Na segunda-feira passada, Trump retomou os briefings na sala de imprensa da Casa Branca. Ele havia interrompido esse tipo de evento em meados de abril, quando sugeriu injetar desinfetante na corrente sanguínea para combater o coronavírus.

Entre abril e a semana passada, Trump viveu um longo período de negação do evidente agravamento da pandemia no Estados Unidos. Nesse período, subiram os casos de covid-19, os números de internações e, agora, as taxas de mortalidade em alguns estados. A situação é alarmante em estados do sul e do oeste americano, especialmente na Flórida.

O recrudescimento da pandemia coincidiu com a queda de Trump nas pesquisas sobre a popularidade do governo e as suas chances na eleição presidencial de 3 de novembro. O democrata Joe Biden cresceu nas pesquisas que aferem o voto popular, mas também nos estados considerados decisivos para formar maioria no Colégio Eleitoral.

Nos EUA, não basta ganhar no voto popular. É necessário vencer nos Estados com maior número de delegados. O Colégio Eleitoral tem 538 membros. O eleito precisa obter maioria absoluta: 270 delegados. Se a eleição fosse hoje, Biden conquistaria a Casa Branca.

A queda nas pesquisas levou à mudança de tom de Trump na semana passada, quando ele assumiu uma atitude mais realista e moderada. Chegou a dizer que a pandemia pioraria antes de melhorar. Defendeu o uso da máscara com ênfase inédita.

Mas era um realismo típico de Donald Trump, que não leva a ciência a sério. Na tarde desta segunda, ele já estava pressionando governadores de Estados com baixos números de covid-19 a reabrir suas economias completamente. De noite, começou a disparar mentiras no Twitter, onde tem mais de 84 milhões de seguidores.

Trump endossou um tuíte que mostrava supostos médicos sustentando que a hidroxicloroquina seria efetiva contra o coronavírus em tratamento preventivo ou logo no começo de sintomas. Não é verdade de acordo com estudos científicos sérios e segundo a própria agência de vigilância sanitária dos EUA, a FDA (Administração de Drogas e Alimentos, em inglês).

Trump também endossou um post no qual uma médica acusava o diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, de induzir a opinião pública americana a erro com suas orientações sanitárias.

Segundo a médica, Liz Vliet, Fauci teria enganado os americanos a respeito da hidroxicloroquina e promovido outra droga, Remdesivir, como eficaz.

Voz mais respeitada da força-tarefa de combate ao coronavírus e médico que serviu a seis presidentes americanos, Anthony Fauci veio a público fazer novo contraponto ao presidente, dizendo que ele não engana o povo americano.

Está muito claro quem tenta enganar quem aqui nos Estados Unidos e também no Brasil. Com fixação pela cloroquina, os presidentes da república dos dois países são ameaças à saúde pública de americanos e brasileiros. Trump e o presidente Jair Bolsonaro agravam o efeito da pandemia com negacionismo genocida e irresponsabilidade sanitária.