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Bolsonarismo fracassa; PT mais humilde e esquerda unida têm chance em 2022

O prefeito Bruno Covas (PSDB) enfrentará Guilherme Boulos (PSOL) no 2º turno em São Paulo - Arte/UOL
O prefeito Bruno Covas (PSDB) enfrentará Guilherme Boulos (PSOL) no 2º turno em São Paulo Imagem: Arte/UOL

Colunista do UOL

16/11/2020 14h03

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O fracasso do bolsonarismo no primeiro turno das eleições municipais aponta um caminho para que o país se livre do obscurantismo em 2022. Esse resultado traz também uma lição para as forças de centro-esquerda e esquerda que se opõem a Jair Bolsonaro: unidas, terão mais chance de vencer a eleição presidencial daqui a dois anos.

A grande maioria dos candidatos a prefeito e vereador apoiados por Bolsonaro teve mau desempenho nas urnas no último domingo (15/11). Essa é uma boa notícia para o Brasil. Mostra que a onda bolsonarista que teve forte impacto nas eleições de 2018 se enfraqueceu nacionalmente.

Livrar o país de um segundo mandato de Bolsonaro é uma tarefa civilizatória similar à que acabou de acontecer nos Estados Unidos (EUA), onde o democrata Joe Biden impediu a reeleição do republicano Donald Trump.

Aí entra a lição para as agremiações de centro-esquerda e esquerda. Se conseguirem implementar uma estratégia de frente ampla já no primeiro turno, como fez o Partido Democrata com Biden, terão maior chance de derrotar Bolsonaro e seus genéricos da extrema-direita, direita e centro-direita que tentam vestir o figurino de candidatos de centro, respectivamente o ex-juiz Sergio Moro, o apresentador de TV Luciano Huck e o governador de São Paulo, João Doria.

Bolsonaro é o maior derrotado no primeiro turno das eleições municipais. O suporte do presidente funcionou como um fator negativo. A resposta negligentemente homicida à pandemia da covid-19 é apenas a ponta do iceberg do retrocesso do governo na economia, no meio ambiente, nos direitos humanos, na administração pública de modo geral. A população parece ter entendido o tamanho do desastre em curso no país.

Em São Paulo, o postulante de Bolsonaro, Celso Russomanno (Republicanos), virou pó mais uma vez. Outros candidatos da órbita bolsonarista, como Joice Hasselmann (PSL) e Arthur do Val (Patriota) também tiveram mau desempenho.

Em São Paulo, o PT recebeu uma lição. Deveria ter apoiado Guilherme Boulos (PSOL) desde o início, estimulando frentes políticas país afora. Acertadamente, a base petista contrariou o erro do partido de insistir com um candidato fraco, Jilmar Tatto, e foi de Boulos na primeira etapa.

A estratégia de frente ampla poderia ter sido aplicada na cidade do Rio de Janeiro, onde a esquerda ficará fora do segundo turno mais uma vez. Foi um erro o PT não ter investido no apoio a Marcelo Freixo (PSOL), deputado federal que desistiu de concorrer por falta de uma aliança competitiva.

No entanto, é um equívoco retratar o Partido dos Trabalhadores como um grande derrotado da atual rodada eleitoral. Boulos é um aliado próximo, com o qual o partido e seu principal líder, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, têm afinidades. Uma eventual vitória de Boulos em São Paulo contra o prefeito Bruno Covas (PSDB) só será possível com empenho do eleitorado petista.

O PT ainda é o principal partido político do Brasil, mas precisa aceitar a necessidade de fazer concessões a aliados se quiser voltar ao poder. Outras forças de centro-esquerda e esquerda também devem compreender que, sem o petismo, não terão como fazer frente a Bolsonaro e candidatos de direita e centro-direita que sonham com o Palácio do Planalto.