Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Salles cumpre ordens de Bolsonaro para destruir o meio ambiente
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O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é uma espécie de réu confesso. Na reunião ministerial de 22 de abril do ano passado, quando as atenções se voltavam para os desentendimentos entre o presidente Jair Bolsonaro e o então ministro da Justiça, Sergio Moro, Salles fez uma confissão de sua política de destruição ambiental.
Naquele momento, o novo coronavírus tirara a vida de pouco mais de 20 mil brasileiros, Bolsonaro brigava com Moro pelo controle da Polícia Federal, Paulo Guedes garganteava conhecimentos keynesianos que não aplicava e Salles dava um importante e tenebroso aviso.
O ministro entendia que a pandemia criava uma "oportunidade" para o governo "ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas... de baciada". Ou seja, propôs ao presidente e colegas de ministério usar a covid-19 como cortina de fumaça para alterar a legislação a fim de tornar mais fácil a política de destruição ambiental do país.
Dentro de seus poderes no ministério, Salles promoveu uma caçada aos servidores que resistiam à sua política ambiental. Enfraqueceu a fiscalização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais) do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). Abriu sua agenda para o setor mais atrasado e predatório do agronegócio. Causou mais dano à imagem internacional do Brasil, transformando o país num vilão global ambiental.
Antes tarde do que nunca, diz o dito popular. É uma boa notícia a operação que a Polícia Federal realiza nesta quarta-feira contra Salles, que teve seus sigilos fiscal e bancário quebrados. O presidente do Ibama, Eduardo Bim, também foi afastado do cargo. A PF executou mandados de busca e apreensão no Pará, Distrito Federal e São Paulo por ordem do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Tomara que a Operação Akuanduba sirva como freio à devastação em curso no meio ambiente brasileiro.
Vale destacar a resistência de Alexandre Saraiva, ex-diretor da PF no Amazonas, que foi ao Congresso denunciar ação de Salles para proteger criminosos da maior apreensão de madeira ilegal da história do Brasil. É fundamental derrubar o atual ministro do Ambiente.
No entanto, Salles não está sozinho. Age a mando do presidente da República, que tem o setor mais atrasado do agronegócio como um aliado fundamental para tentar se reeleger.
Proteger madeireiras e mineradoras ilegais é uma prioridade de Bolsonaro. Nesse pacote, vão pequenos garimpeiros e desmatadores. Enfraquecer reservas ambientais e indígenas é um dos nortes da política de Bolsonaro para a Amazônia. O então candidato a presidente da República não escondeu seus objetivos na campanha eleitoral de 2018: "Não vou mais admitir o Ibama sair multando a torto e a direito por aí, bem como o ICMbio. Essa festa vai acabar".
Salles, diz a PF, é suspeito dos crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando. A atuação dele à frente do Ministério do Meio Ambiente oferece farto material probatório de existência de uma organização criminosa. Mas não devemos esquecer que o chefe da Orcrim que destrói o meio ambiente no Brasil se chama Jair Bolsonaro. Com eventuais vantagens indevidas, Salles só cumpre as ordens de Bolsonaro para "ir passando a boiada" e a madeira extraída ilegalmente da Amazônia.
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