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Kennedy Alencar

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Só criminosos, como ditadores e milicianos, não cumprem ordens da Justiça

13.abr.2021 - O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) - Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
13.abr.2021 - O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Colunista do UOL

20/08/2021 09h47

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Mais uma vez, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ameaçou o STF (Supremo Tribunal Federal). Em entrevista, ele disse que "vai chegar uma hora em que essas ordens da mais alta corte do Judiciário nacional não vão ser cumpridas".

O deputado fez a ameaça ao se queixar de decisões recentes do Supremo para investigar e punir ataques contra a democracia realizados cotidianamente pelo presidente Jair Bolsonaro, seus aliados e apoiadores. Um exemplo: a prisão do presidente do PTB, Roberto Jefferson, determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, que atendeu a pedido da PF (Polícia Federal).

Nesta sexta, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra o cantor Sergio Reis e o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) por, basicamente, atacar o STF e incentivar a violência no debate público.

Ex-deputado federal, Sergio Reis fez convocação para greve de caminhoneiros a fim de protestar contra os 11 ministros do STF. Com baixo nível, Otoni de Paula atacou diversas vezes o Supremo e Moraes. As medidas autorizadas por Moraes contra Sergio Reis e Otoni de Paula foram pedidas pela PGR (Procuradoria Geral da República).

É muito bom que a PGR tenha tomado uma atitude em defesa da democracia, mas a coisa deve ser vista com ceticismo. Em relação aos crimes em série de Bolsonaro, o procurador-geral da República, Augusto Aras, tem agido com omissão e cumplicidade.

A declaração de Eduardo Bolsonaro, por exemplo, está em sintonia com os ataques de Sergio Reis e Otoni de Paula à democracia. Por coerência, a PGR deveria pedir medidas contra o deputado federal e filho do presidente. O que Eduardo Bolsonaro falou não é liberdade de expressão, mas um crime contra o estado democrático de direito.

Eduardo Bolsonaro, do alto de sua inteligência, disse: "Prendem por fake news. Prendem por atos antidemocráticos. O que é um ato antidemocrático? Prendem por milícia virtual. Vai chegar uma hora em que essas ordens da mais alta Corte do judiciário nacional não vão ser cumpridas, infelizmente. Se continuar desse jeito...".

Sim, deputado. Fake news, milícia virtual e atos antidemocráticos deveriam resultar em punições da Justiça. Agir assim é como as democracias não morrem. Cumprir a lei é um princípio civilizatório basilar.

Nas eleições de 2018, Eduardo Bolsonaro disse que bastariam "um soldado e um cabo" para fechar o STF. Agora o filho do presidente voltou à carga com essa frase estúpida e criminosa sobre a chegada da hora em que as ordens do Supremo não seriam mais acatadas.

Ora, apenas criminosos, como milicianos e ditadores, não cumprem ordens da Justiça. As instituições precisam continuar a agir contra os ataques do bolsonarismo que buscam enfraquecer a democracia. Com acertos, Moraes cumpre um papel fundamental neste momento para conter o golpismo de Bolsonaro e seus bárbaros. O Brasil é maior do que essa "república dos bananinhas".