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Racha no G7 barra ida de Braga Netto à CPI e poupa jornalismo negacionista

Ministro Braga Netto diz em comissão que não houve ditadura militar no Brasil - Reprodução
Ministro Braga Netto diz em comissão que não houve ditadura militar no Brasil Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

27/09/2021 10h55

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Na reta final da CPI da Pandemia, fracassou nova articulação de bastidores para tentar convocar o ministro da Defesa, Braga Netto. Um racha no G7, grupo de sete senadores que costuma jogar unido contra a bancada de 4 governistas na CPI, deve deixar Braga Netto fora dos depoimentos.

Ministro da Casa Civil até o início de abril, Braga Netto foi o coordenador das ações de combate à covid-19 no primeiro ano da pandemia. A CPI reuniu provas e evidências para responsabilizar o presidente Jair Bolsonaro e seus principais, como o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e o ex-secretário-executivo daquela pasta Élcio Franco.

Logo, Braga Netto, que coordenava a ação de governo na Casa Civil, mereceria ser ouvido pela CPI. Mas ele reuniu apoio de senadores e de ministros do Supremo Tribunal Federal para ser poupado.

Há um movimento no próprio G7 para preservar Braga Netto sob o argumento de que poderia haver uma crise militar com a sua convocação e responsabilização no relatório final. Os aliados do ministro da Defesa alegam que Bolsonaro se enfraqueceu entre os militares após os atos golpistas de 7 de Setembro e que seria politicamente perigoso reacender apoio a ele nas Forças Armadas.

Os três senadores do G7 contrários ao depoimento de Braga Netto são Otto Alencar (PSD-BA), Eduardo Braga (MDB-AM) e Tasso Jereissati (PSDB-CE). Sem os três, o G7 não consegue vencer os governistas na votação da CPI, que tem 11 titulares. Há ainda 7 suplentes, que só votam se substituírem um titular.

Apesar da articulação pró-Braga Netto, há pressão interna para que Renan Calheiros (MDB-AL) estude eventual forma de citar e responsabilizar o atual ministro da Defesa no relatório final. Por exemplo, Braga Netto participou da tentativa de modificar a bula da cloroquina ao convocar reunião para tratar do tema. Na Casa Civil, ele avalizou toda a ação de Pazuello e auxiliares no Ministério da Saúde.

Negacionismo midiático

Outra disputa de bastidor na reta final da CPI é a inclusão no relatório de jornalistas e emissoras de rádio e TV que divulgaram fake news, basicamente defendendo o tratamento precoce, pregando a imunidade de rebanho, combatendo medidas de quarentena e relativizando a eficiência das vacinas.

A demissão do jornalista Alexandre Garcia pela CNN reforçou entre integrantes da CPI a necessidade de registrar e responsabilizar no relatório final as empresas e jornalistas que tornaram mais difícil enfrentar a pandemia. Garcia, por exemplo, mentiu durante toda a pandemia até ser demitido na semana passada por divulgar fake news no contexto do escândalo da Prevent Senior.

Há divisão no G7 sobre o tom que deve ser adotado em relação a jornalistas e emissoras de TV e rádio que aderiram ao negacionismo de Bolsonaro. Pastores evangélicos que alugam horário em emissoras de TV também contribuíram para o Brasil ter 600 mil mortes e mais de 21 milhões de infectados.

Para alguns senadores do G7, não valeria a pena comprar essa briga. Eles usam o argumento de que daria margem a um debate sobre liberdade de expressão.

Saideiras

O G7 avalia se os últimos depoimentos da CPI antes do seu encerramento serão de Elcio Franco, ex-número 2 do Ministério da Saúde, e do atual titular da pasta, Marcelo Queiroga. A respeito do ministro, há o complicador de que ele se recupera da covid-19. Alguns senadores entendem que não valeria a pena esticar a CPI só para esperar Queiroga.

Em relação a Franco, o argumento para justificar uma nova ida dele à CPI é o da munição sobre corrupção reunida nos casos Covaxin e Davati. A CPI tem prazo para funcionar até novembro, mas há pressão de senadores para que seja encerrada nas próximas duas semanas.