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Kennedy Alencar

REPORTAGEM

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Aceno de Biden a Maduro surpreende PT e Itamaraty

Colunista do UOL

08/03/2022 12h15

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A missão diplomática que os EUA enviaram à Venezuela no fim de semana surpreendeu a campanha de Lula e o Itamaraty. No contexto da Guerra da Ucrânia, Washington busca alternativa de fornecimento de petróleo para substituir importações da Rússia.

Para o PT, o presidente dos EUA, Joe Biden, mostrou pragmatismo que sinaliza chance de retomar um relacionamento regional com a América Latina melhor do que na era Trump. A depender da evolução das conversas com Caracas, nas quais os EUA têm interesse em suavizar sanções que implementaram contra o governo Maduro, haveria uma porta para rediscutir o fim do embargo a Cuba.

Cegueira geopolítica

A diplomacia brasileira foi pega de calça curta. O Brasil sob Bolsonaro cortou de vez as relações com a Venezuela. O país está sem embaixador em Caracas desde 2017 (administração Temer), mas a embaixada era tocada pelo encarregado de negócios. Em 2020, Bolsonaro fechou a embaixada e os consulados.

Em março de 2019, logo após a autopromoção de Juan Guaidó como presidente da Venezuela, o Brasil deixou de comprar energia elétrica do vizinho para abastecer Roraima. Atualmente, o estado gera sua energia em termelétricas a diesel a um custo cinco vezes maior.

O governo Biden busca segurança energética e teme os efeitos da inflação nas eleições de meio de mandato (novembro.) A gasolina, tema que afeta a popularidade presidencial nos EUA, está o dobro do preço na comparação com 2020.

Enquanto Bolsonaro abraça Putin, Biden faz aceno para Maduro.

Jogo com Macron e Europa

Na visita ao México, Lula cumpriu uma estratégia de tentar realinhar politicamente a América Latina. Além das pontes com o Morena, partido de López Obrador, a ideia é sinalizar para EUA, Europa e China/Rússia que a América Latina deve ter mais peso no jogo global.

Na viagem à França no ano passado, Lula ouviu de Macron que a relação com o Brasil era fundamental para o equilíbrio geopolítico mundial. Interessa à Europa, acuada entre EUA e China/Rússia, restabelecer pontes com Brasília que foram dinamitadas por Bolsonaro.

Esses temas foram abordados no podcast "O Radar das Eleições", que estreou hoje no UOL.