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Eduardo assume que Jair é mentiroso ao zombar da tortura de Miriam Leitão
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Ao zombar da tortura que a jornalista Miriam Leitão sofreu pelas mãos da ditadura militar, o deputado federal Eduardo Bolsonaro acabou por reforçar a crença popular de que seu pai é um baita de um mentiroso.
Ele tuitou, neste domingo (3), que estava com pena de uma cobra usada em uma sessão de tortura contra a jornalista. Grávida e nua, ela já havia sido espancada por representantes do regime.
Sua apologia à tortura foi duramente criticada por políticos, jornalistas e sociedade civil, gerando denúncias contra ele no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Como seu pai alugou o centrão pelo menos até o final do ano com os bilhões do orçamento secreto, ele deve passar ileso. O que mostra o baixo nível em que o Congresso se encontra.
Contudo, ao debochar da tortura sofrida por Miriam Leitão, Eduardo Bolsonaro mostra que ele sabe que o crime ocorreu e que, portanto, Jair, que diz que a tortura não aconteceu, é um mentiroso. Sim, o comentário que faz uso político do desrespeito à dignidade humana ao servir de alimento e distração do rebanho bolsonarista contradiz o que seu próprio pai defendeu em julho de 2019.
Durante um café da manhã com correspondentes estrangeiros em 19 de julho de 2019, Bolsonaro foi questionado sobre o fato de a jornalista ter sido desconvidada de uma feira do livro em Jaraguá do Sul (SC) após pressão de grupos de extrema direita. Passou a atacá-la, chegando ao ponto de dizer que a tortura que sofreu durante a ditadura militar, fato fartamente documentado, era mentira.
"Ela estava indo para a guerrilha do Araguaia quando foi presa em Vitória. E depois conta um drama todo, mentiroso, que teria sido torturada, sofreu abuso etc. Mentira. Mentira", disse. Claro que a única mentira era a dele, pois ela, que fez oposição à ditadura, nunca cogitou se juntar à guerrilha.
De acordo com a última pesquisa Datafolha, uma parcela de apenas 17% da população acredita em tudo o que Jair Bolsonaro diz, enquanto 82% nunca confiam ou confiam apenas às vezes nas palavras do presidente. A mentira é usada como instrumento de seu governo, da mesma forma que foi empregada como ferramenta de sua campanha eleitoral e como base de seus mandatos parlamentares.
O debate levantado por Miriam Leitão em seu texto, de que a terceira via erra ao equivaler Lula e Bolsonaro uma vez que o atual presidente é um inimigo da democracia, é fundamental.
Ironicamente, o comentário de Eduardo acaba por passar um recibo duplo disso, com o ataque à dignidade humana que ele promove seguindo os passos do pai e com as mentiras que Jair conta para construir a realidade paralela de seu projeto de poder.