Um dos times mais tradicionais de São Paulo decide não jogar mais em 2025

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Pela primeira vez desde que existe a Copa Paulista, há mais de 25 anos, o Juventus não participará do torneio que garante acesso aos torneios nacionais através da série D ou da Copa do Brasil. O clube realizará uma eleição pelo seu comando, no próximo dia 23, que pode definir se o seu futebol será vendido.
Com a decisão de não entrar na disputa, o tradicional time da Mooca, que completará 101 anos no próximo dia 20, vencedor da série B do Brasileiro em 1983, do Campeonato Paulista, em 1934, e da própria Copa Paulista, em 2007, não tem mais jogos oficiais para este ano após ter caído na primeira fase da A2 do Campeonato Paulista.
A decisão foi tomada pelo atual presidente, Tadeu Deradelli, em reunião com a Federação Paulista de Futebol. A justificativa foi falta de dinheiro, pois o clube não teria sido capaz de conseguir patrocínios e parcerias. A coluna não conseguiu contato com a direção.
A oposição à sua gestão, que teve que garantir na Justiça a realização de eleições no clube, chama a exclusão do time no campeonato de politicagem, desmonte e amadorismo. E que isso não é boa gestão, mas a promoção do sucateamento do futebol como parte de um processo para tentar vendê-lo.
Daqui a uma semana, o conselho do clube vai decidir entre a chapa "Avante", do atual presidente, e a "Novos Tempos, Renove Juventus", de Marcello Betone.
A criação do Juventus Sociedade Anônima de Futebol (SAF) está na pauta há três anos. Com a SAF, tudo relativo ao futebol é transferido a uma nova pessoa jurídica: o clube teria uma participação mínima nas ações da nova sociedade e as demais são negociadas entre compradores, pessoas físicas, na Bolsa de Valores, a depender do modelo escolhido.
A oposição reclama que a atual gestão tenta vender o futebol do Juventus a qualquer custo. As tentativas foram barradas pelos conselheiros, que descobriram irregularidades em contratos relativos à SAF.
O clube tem dívidas, sobretudo oriundas do período da pandemia, e os defensores da venda do futebol apontam que ela traria investimentos, garantiria a reforma do estádio e levaria o time a dar um salto. Os críticos, contudo, apontam que as propostas na mesa queriam vender tudo por um valor irrisório, o que não permitiria ao clube nem resolver suas pendências financeiras, e, ao mesmo tempo, levaria à perda definitiva do controle do futebol. Defendem outras formas de profissionalizar a gestão.
O Juventus tem origem operária, assim como o bairro da Mooca. Trabalhadores das primeiras indústrias de São Paulo reunidos para construir algo comum. Tem um estádio tombado, histórico, palco de grandes lances do futebol, uma torcida apaixonada e uma multidão de admiradores — inclusive entre os fãs dos times grandes da capital.
É um patrimônio de São Paulo, do país, que vai muito além dos gramados. Afinal, futebol não é só sobre futebol. Por isso, as decisões tomadas por sua diretoria e a eleição que pode definir os rumos do clube precisam de atenção e muita luz do dia.