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Em discurso, Lula indica fim do 'sequestro' do verde-amarelo por Bolsonaro
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Ao final de seu discurso da vitória, na noite deste domingo (30), Lula fez questão de posar com uma bandeira do Brasil. E, durante todo o evento, a imagem de outra bandeira tremulava em um telão na parte de trás do palco. Para aliados do presidente eleito, o ato é simbólico, pois representa a retomada das cores nacionais que haviam sido sequestradas pelo bolsonarismo.
O atual presidente e seus aliados tornaram-se herdeiros da estética dos movimentos pelo impeachment de Dilma Rousseff, que já haviam sequestrado as cores nacionais entre 2015 e 2016. Com isso, o verde e amarelo, que não deveriam pertencer a um partido ou ideologia, acabaram servindo à extrema direita.
E isso foi difundido a tal ponto que a colocação de bandeiras do Brasil na janela de prédios indicava que ali morava um apoiador de Bolsonaro. Não foram poucos os eleitores de Lula ou mesmo cidadãos que não apoiavam nenhum dos dois candidatos que se sentiam incomodados com esse monopólio.
O processo de "libertação" das cores começou com o evento de apresentação da pré-candidatura de Lula e Alckmin à Presidência e Vice-Presidência da República, no dia 7 de maio, que abraçou fortemente o verde e amarelo.
O petista fez seu discurso em frente a uma grande bandeira do Brasil enquanto, no telão, exibiam-se as cores nacionais. A logomarca com o lema "Vamos Juntos pelo Brasil" também utilizou uma bandeira estilizada. O padrão foi adotado ao longo da campanha. A ideia era demonstrar que não se tratava de uma candidatura, mas de um movimento cívico pela democracia.
"Bolsonaro não é o dono do verde-amarelo, mas o povo brasileiro. A campanha não esconde o vermelho, mas está libertando o verde e o amarelo, sequestrado desde o impeachment de Dilma e depois com Bolsonaro", afirmou um membro da campanha à coluna à época.
Lula terá a responsabilidade de governar para todos, ao contrário do que fez seu antecessor, que dialogou apenas com os seus. O presidente eleito sabe disso e falou para aqueles que nele não votaram já em seu primeiro discurso, dizendo que será o governante do Brasil, buscando efetivar os direitos de todos e não apenas dos que concordam com ele.
E isso começa por garantir que a bandeira não pertença a alguns, mas, democratizada, volte a ser de todos.
O que vem em boa hora, porque a partir do mês que vem tem Copa do Mundo.