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Leonardo Sakamoto

REPORTAGEM

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Pastores divergem da bancada evangélica e apoiam o PL das Fake News

Pixabay
Imagem: Pixabay

Colunista do UOL

02/05/2023 11h06Atualizada em 02/05/2023 15h55

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Um grupo de lideranças evangélicas e católicas favoráveis ao PL 2630, que visa a regular a atividade das plataformas das redes sociais, está na Câmara do Deputados, nesta terça (2), para tentar convencer parlamentares a endossarem o projeto previsto para ser votado ainda hoje. Eles vão na contramão da maioria da Bancada Evangélica, que é contra o chamado PL das Fake News.

"Nós, como cristãos, estamos aqui para dizer que é da maior importância pessoas que se identificam com a mensagem de Jesus não deixarem que as redes sejam uma terra selvagem. Uma terra em que predadores, pedófilos e nazistas tenham franca liberdade para dizer e fazer o que quiserem", afirma à coluna o pastor Ricardo Gondim, presidente da Igreja Betesda, considerado referência entre teólogos evangélicos.

O grupo se encontrou com o pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), da Igreja Batista do Caminho, e outros deputados federais.

Para Gondim, a presença do grupo no parlamento mostra que os deputados que se opõem ao PL 2630 não têm voz unânime entre esse segmento cristão no país. Lideranças da bancada evangélica na Câmara têm criticado o PL e afirmado que, mesmo com as mudanças feitas no texto pelo relator Orlando Silva (PC do B-SP), o projeto ainda não conta com o seu apoio.

"Estamos aqui para mostrar que há um segmento religioso cristão, evangélico e católico, que vê esse projeto de lei como uma defesa das crianças, dos mais vulneráveis e de pessoas menos informadas, mas também da soberania nacional", diz o pastor.

Nos últimos dias, uma campanha de desinformação, promovida inclusive por parlamentares e que encontrou tração nas próprias plataformas, difundiu mentiras como a que diz que o PL permitirá que sejam censuradas postagens com trechos da Bíblia que tratam da homossexualidade. O projeto não altera a liberdade religiosa, garantida pela principal lei do país, a Constituição.

O deputado federal e ex-procurador da República Deltan Dallagnol (Podemos-PR), por exemplo, publicou que versículos serão banidos das redes sociais com aprovação do PL, sendo desmentido por agências de checagem.

A regulação da qual trata o projeto não afeta postagens individuais, nem regula o que é verdade ou mentira. Mas obriga as empresas donas de redes sociais a adotarem controles mais rigorosos para evitar conteúdos que promovam racismo e violência contra mulheres, que façam apologia a massacres em escolas e defendam golpes contra a democracia. Para implementar essas medidas, as redes sociais vão ter um aumento considerável em suas despesas.

As plataformas de redes sociais e grandes empresas de tecnologia que vêm pressionando o Congresso Nacional contra a aprovação do projeto. Nesta segunda (1), reportagem da Folha de S.Paulo traz elementos que indicam que o Google vem promovendo em suas plataformas críticas ao PL em detrimento à posição favorável.

"Não podemos permitir que empresas transnacionais, donas de segmentos da informação em escala mundial, pautem o que pode ou não acontecer dentro de um país", afirma Ricardo Gondim.

O líder da igreja Betesda está acompanhado de Sérgio Dusilek, da Igreja Batista Marapendi, da bispa Marisa, da Igreja Metodista, da pastora Camila Oliver, da Igreja Batista Nazareth, mas também de religiosos católicos, como o frei Lorrane, da Ordem Franciscana dos Frades Menores, entre outros.

"A ideia é mostrar a cara se um segmento evangélico que não abraça um partido, mas sim questões caras à nossa humanidade e critérios éticos", diz.