Leonardo Sakamoto

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Reportagem

'Profecia' de Bolsonaro gera suspeita de vazamento da ação contra Carluxo

Uma "profecia" de Jair Bolsonaro (PL), que vem sendo divulgada em suas redes e aplicativos de mensagens desde o dia 21 de janeiro, reforça a suspeita de que o ex-presidente e sua família sabiam sobre as operações da Polícia Federal que investigam espionagem em seu governo e que atingiram, nesta segunda (29), seu filho, Carlos Bolsonaro (Republicanos). E, com isso, cresce a desconfiança no governo sobre o atual número 2 da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alessandro Moretti.

O vereador no Rio de Janeiro é o principal nome da operação que apura quais foram os beneficiários de espionagem ilegal conduzida na Abin durante o governo de seu pai. Na última quinta (25), o alvo já tinha sido o ex-diretor-geral da agência e, hoje, deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

Ele é investigado pelo uso sem autorização judicial do software First Mile, que monitora o deslocamento de alvos. A Polícia Federal também tenta descobrir se o governo Bolsonaro grampeou as comunicações e investigou a vida financeira de desafetos, produzindo dossiês para o uso do ex-presidente e seus aliados.

Carlos foi apontado na época da CPMI das Fake News como o chefe de um Gabinete do Ódio nas dependências do Palácio do Planalto, com pessoas pagas pelo erário para atacar adversários políticos, partidos, juízes, jornalistas. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-faz tudo de Jair, reforçou essa acusação em sua delação premiada.

No dia 21 de janeiro, em uma mensagem a grupos de Telegram, Bolsonaro postou que "as próximas semanas serão decisivas" e que "vivemos momentos difíceis". A mesma mensagem foi replicada a seus seguidores em outras plataformas, como no X/Twitter, no dia 24 - véspera da operação que teve Ramagem como alvo principal.

A coluna conversou com duas fontes no Palácio do Planalto que apontaram que a operação vai ajudar a entender a que informacões privilegiadas e ilegais o ex-presidente continua tendo acesso. Ou seja, a questão não é "se" há vazamento, mas o que vaza e como isso ocorre.

A desconfiança é sobre alguns servidores na Agência Brasileira de Inteligência que seguiriam fiéis ao governo passado. Outra fonte no Ministério da Justiça defendeu à coluna que Alessandro Moretti, diretor-adjunto da Abin, não é apenas bolsonarista, mas nome de confiança deles.

Em meio às operações sobre a arapongagem em seu governo, Jair Bolsonaro realizou, neste domingo (28), uma live com Carlos, além do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Entre os seus alvos, o Tribunal Superior Eleitoral, o Supremo Tribunal Federal, Lula e seu governo e a Polícia Federal.

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A transmissão foi feita a partir de uma das casas do ex-presidente, em Angra dois Reis (RJ). Quando a PF apareceu no local, nesta manhã para cumprir os mandados de busca e apreensão contra Carlos, todos haviam ido embora de lancha e a casa estava vazia. Voltaram somente horas depois e o vereador teve um celular apreendido.

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