Leonardo Sakamoto

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Reportagem

Motorista de Porsche que matou entregador estava a 90 em via de 40km/h

Arthur Torres Rodrigues Navarro que matou o entregador de aplicativo Hudson de Oliveira Ferreira ao atingi-lo com o seu Porsche Cayenne de R$ 1,2 milhão, em alta velocidade, e fugir sem prestar socorro, em Campo Grande (MS), estava a 89,4 km/h em uma via cujo limite é 40 km/h.

O laudo pericial foi obtido por Geniffer Valeriano e Silvia Frias, do jornal Campo Grande News. A advogada da família da vítima, Janice Terezinha Andrade, reiterou à coluna que o limite é de 40 km/h devido à proximidade com um hospital. Há placas indicativas na via.

O crime ocorreu em 22 de março. A Polícia Civil afirma que o inquérito será finalizado apenas no mês que vem.

Hudson agonizou no hospital por dois dias. Na certidão de óbito ao qual a coluna teve acesso, as causas da morte foram politraumatismo por ação contundente devido à colisão automobilística e embolia pulmonar.

O caso soa familiar aos paulistanos porque sete dias após a morte em Campo Grande foi a vez de Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, também trabalhador de aplicativo, mas motorista, na zona leste da capital paulista. Seu Renault Sandero foi destruído pelo Porsche 911 Carrera de R$ 1,3 milhão de Fernando Sastre de Andrade, de 24 anos, em 31 de março. A causa da morte também foram fraturas múltiplas.

Fernando Sastre de Andrade estava a 156 km/h em uma via com limite de 50 km/h.

Em Campo Grande, Navarro disse em depoimento à polícia que não percebeu a colisão, que foi registrada por câmeras de segurança. Foi indiciado por homicídio culposo e evasão do local sem prestar socorro à vítima, mas ficou livre durante o inquérito. Seu carro é que foi apreendido.

Em São Paulo, o motorista do Porsche também evadiu-se do local, mas de outra forma. Dois policiais que atenderam à ocorrência permitiram que sua mãe o levasse embora sob a justificativa de ir ao hospital. Só depois, PMs foram ao hospital para fazer o teste do bafômetro e foram informados de que ele nunca deu entrada no local informado. Tampouco atendeu aos telefonemas, muito menos respondeu à campainha de casa.

Ele se apresentou à polícia mais de 38 horas depois, quando o exame do bafômetro não seria mais eficaz. O delegado do caso o indiciou por homicídio doloso, com intenção de matar, e pediu sua prisão, mas a Justiça a negou três pedidos. Até que o Tribunal de Justiça de São Paulo decretasse a prisão preventiva, em 3 de maio, apontando risco de reiteração de conduta. Ele se encontra na penitenciária de Tremembé.

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A delegada do caso de Campo Grande, Priscilla Anuda, pediu a suspensão da CNH do motorista do Porsche, bem como a proibição de acesso a bares e casas noturnas e de se ausentar da cidade em momentos que sejam inconvenientes à investigação. Contudo, não é possível saber se isso foi ou não atendido pois o processo está sob segredo de Justiça.

Reportagem

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