'Espraiada': Insinuação de Marçal contra Boulos já foi abatida pela Justiça
Pablo Marçal (PRTB) prometeu levar ao último debate do primeiro turno, nesta quinta (3), na TV Globo, provas de que Guilherme Boulos (PSOL) seria usuário de cocaína - até agora ele tem acusado sem apresentar evidências. No debate UOL/Folha, nesta segunda, ao tratar do assunto, ele citou duas expressões "Espraiada" e "Hospital do Servidor", como se dissessem respeito a supostos segredos do deputado federal.
A segunda foi explicada pelo próprio Boulos no evento, ao afirmar que ficou internado alguns dias por depressão quando tinha 19 anos. Seus pais são servidores públicos estaduais.
A primeira, contudo, não foi tratada pelo candidato. Ela já havia sido rebatida pela campanha do candidato na Justiça Eleitoral, que ordenou que um vídeo que trazia a acusação sem provas fosse retirado do ar em 13 de setembro.
Ao falar da "Espraiada", Marçal provavelmente se referia ao vídeo de Frank Willians, em seu canal "Frank.oficial Jesus é a luz do mundo", no YouTube, em que acusa Boulos de ser usuário de cocaína e frequentar pontos de venda de drogas na região da Águas Espraiadas. A avenida foi rebatizada de Roberto Marinho em 2003.
"Bandido Boulos invasor. Não! Boulos é invasor! O Boulos é invasor e cheirador! [sons de aspiração nasal] Ó! [sons de aspiração nasal] Ó! [sons de aspiração nasal] Boulos? Boulos não, filho. Boulos não", diz o vídeo gravado já durante o período eleitoral deste ano. Nele, o homem copia trejeitos usados por Marçal para acusar o deputado federal de usar drogas.
"Cheira pó sim! Ei, Boulos, você cheira pó sim! Sou usuário! Você vivia lá na Espraiada lá. Lembra da Espraiada lá? Ó [sinal com as mãos] só mandando na Espraiada, viu!", afirma sem apresentar provas.
A juíza Claudia Barrichello, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, determinou a retirada do conteúdo. "Nos trechos impugnados do vídeo em questão o candidato Guilherme Boulos é acusado expressamente de 'cheirar pó' (fazer uso de cocaína), sendo referida afirmação injuriosa e difamatória", afirma a magistrada ao apontar a falta de provas.
Frank Willians é antigo conhecido das agências de checagem de fatos por propagar desinformação e das redes da extrema direita.
Um exemplo é um vídeo em que ele afirma ser "ex-integrante do PCC" e acusa a campanha eleitoral de Lula em 2022 de ter feito um acordo com o Primeiro Comando da Capital.
O conteúdo foi compartilhado por políticos de extrema direita e até pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Contudo, como aponta o portal Aos Fatos, as "provas" de que ele faria parte da facção são forjadas. E, claro, ele não trouxe prova alguma de suas denúncias.
O Aos Fatos, aliás, não encontrou qualquer ação ou condenação de Frank por envolvimento com drogas. Mas aponta que o nome dele está vinculado a um processo por estelionato.