Apagão: Periferia concentra pedidos de poda não atendidos pela prefeitura
Dos quase 43 mil pedidos de solicitação de avaliação de poda ou remoção de árvores em áreas públicas feitos no primeiro semestre deste ano à Prefeitura de São Paulo, 11,4 mil deles continuam com status em aberto segundo dados da própria administração municipal. A maioria em áreas de periferia da capital.
A queda de árvores foi um dos principais motivos que levaram ao apagão que mantém centenas de milhares sem luz, desde sexta (11), na capital.
A informação foi obtida pela plataforma de dados abertos da prefeitura e consultados neste domingo (13). Nela, é possível obter os pedidos feitos através da central telefônica do 156, do portal de atendimento, do aplicativo móvel e de praças de atendimento das subprefeituras.
A Enel, empresa responsável pela transmissão de energia, realiza podas preventivas ou emergenciais quando os galhos estão próximos ou tocando a fiação. Já a poda ou remoção do restante dos galhos e de árvores inteiras é de responsabilidade da administração municipal. Em ambos os casos, espécimes podem derrubar a rede elétrica.
A Prefeitura de São Paulo, através de nota enviada por sua assessoria, responsabilizou a empresa concessionária de energia elétrica pelas árvores que ainda não foram podadas, afirmando que "6.087 exemplares seguem pendentes, pois precisam de intervenção da Enel e não houve atendimento". Segundo a prefeitura, em novembro do ano passado esse volume era de cerca de 3.000 árvores.
"O trabalho de zeladoria continua na cidade e já são, até início de outubro deste ano, 132.809 árvores retiradas e podadas (incluindo sábado, domingo e feriados). A prefeitura ainda aguarda o desligamento de energia por parte da Enel para promover ação de podas em 75 árvores na cidade", disse.
Pedidos não atendidos são mais numerosos na periferia
Cada pedido de poda feito à prefeitura é georreferenciado, ou seja, tem localização exata. Transferindo esses dados para um mapa do município, verifica-se que os distritos com o maior número de pedidos em aberto são: Itaquera (572), Pirituba (476), Cidade Líder (416), Perdizes (400), Lapa (394), Vila Curuçá (379), São Domingos (347), Jardim São Luís (342), Jaraguá (337), Itaim Paulista (331), Vila Maria (324), Casa Verde (313), Santo Amaro (293), Vila Matilde (289), Penha (259), Cidade Ademar (251), Ipiranga (247), Cachoeirinha (246), Butantã e Sacomã (244), Mooca (242) e Jardim Ângela (239).
Coincidentemente, parte desse bairros também foram os mais afetados pelo apagão, que ainda mantém centenas de milhares no escuro mais de 70 horas após o temporal que atingiu São Paulo.
Após vistoria por engenheiro agrônomo ou biólogo da prefeitura, a execução do serviço é realizado na árvore, em um prazo de 120 dias, segundo a administração municipal. Apenas ao ser concluída, a solicitação apresenta o status "finalizado".
Ao UOL, a gestão municipal afirmou que dados oficiais do Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas mostram que o reforço da prefeitura no trabalho de poda de árvore em toda a cidade minimizou os impactos da tempestade. "Ela acumulou 13,3 milímetros de chuva, com rajadas de vento que alcançaram 107,6 km/h. Na ocasião, foram registradas 386 ocorrências de queda de árvores", disse a nota.
A prefeitura defende que aprimorou o serviço de poda. "Em 2017, o tempo de espera para uma poda ou retirada de árvore era de 507 dias e, agora, em 2024, a espera média é de 54 dias", apontou.
O UOL perguntou à Prefeitura de São Paulo por que só há dados disponíveis sobre os pedidos dos dois primeiros trimestres e não do terceiro, encerrado em setembro, como seria de praxe. Não houve resposta.