Letícia Casado

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Debate da Globo no Rio terá 'guru' com Paes e família Bolsonaro com Ramagem

Último debate antes da eleição, o confronto da TV Globo nesta quinta (3) é apontado pelas campanhas dos principais candidatos no Rio como decisivo para definir se o prefeito Eduardo Paes (PSD) vai ser reeleito no próximo domingo (6) ou se haverá segundo turno contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL).

Os candidatos podem levar cinco assessores. Na equipe do prefeito, vai estar Marcelo Faulhaber, apontado como "guru" de Paes. No time de Ramagem, deve estar pelo menos um integrante da família Bolsonaro: o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, ou um de seus filhos. Pode ser tanto o vereador Carlos quanto o senador Flávio, já que ambos têm atuado na campanha.

A reeleição de Paes no primeiro turno já foi dada como certa por políticos do Rio, mas a ascensão de Ramagem e do também deputado federal Tarcísio Motta (PSOL) nas pesquisas mudou a perspectiva.

O debate está marcado para as 22h, será mediado pela apresentadora Ana Paula Araújo e terá quatro blocos com perguntas.

Principal alvo, Paes deve defender legado

Paes deve ser o principal alvo no confronto da TV Globo. O prefeito vai defender o legado de seu governo —o terceiro à frente da prefeitura do Rio—, focar em avanços nas áreas de saúde, educação e transporte e dizer que pegou uma cidade quebrada, com serviços abandonados após a gestão de Marcelo Crivella (Republicanos).

Ao longo da campanha, Paes tem ainda responsabilizado o governador Cláudio Castro (PL) pelo problema da segurança pública no Rio. Além disso, o prefeito deve insistir no "risco" de a população eleger um político com pouca ou nenhuma experiência, associando os casos de Crivella, Castro e do ex-governador Wilson Witzel, todos aliados de Ramagem e dos Bolsonaro.

Por sua vez, Ramagem deve focar o discurso nas críticas à gestão Paes, em especial nas falhas no sistema de transporte do BRT, na política de habitação e, principalmente, na segurança pública. Neste ponto, Ramagem costuma enfatizar que questões de zeladoria, como a iluminação pública, e o trabalho da Guarda Municipal ficam sob a alçada do prefeito.

Os ataques mais agressivos contra Paes devem ficar a cargo do deputado estadual Rodrigo Amorim (União), como aconteceu no primeiro debate, da TV Bandeirantes. Na ocasião, Amorim se contrapôs bastante também com Tarcísio Motta; agora, a dúvida é se ele vai continuar tentando desidratar o oponente do PSOL ou se vai concentrar a energia no prefeito justamente para não tirar votos de Motta e ajudar a forçar um segundo turno.

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Além deles, o deputado federal Marcelo Queiroz (PP) também participa do debate desta quinta. Ele já integrou a equipe de Paes e é crítico à atual gestão.

Ramagem aposta em Bolsonaro na reta final

Jair Bolsonaro deve participar de pelo menos mais um ato de campanha de Ramagem a partir de sexta-feira. O entorno de Paes considera "precificado" algum crescimento nos votos do oponente por causa do apoio do ex-presidente. Aliados do prefeito reconhecem que Bolsonaro tem base eleitoral relevante no Rio. A estratégia, portanto, é impedir que os outros candidatos ganhem espaço e levem assim a eleição para o segundo turno.

Para Ramagem, o foco é ampliar a votação entre os eleitores da zona oeste, que deu vitória a Bolsonaro em 2022 e é onde está a base de seu eleitorado — diferentemente das do centro, da zona norte e de parte da zona sul, que tradicionalmente defendem bandeiras progressistas.

Pesquisas indicam mais pulverização

Levantamentos feitos pela Quaest ao longo dos últimos meses indicam que Ramagem e Motta passaram a conquistar um percentual significativo do eleitorado, enquanto Paes perdeu espaço. Para vencer no primeiro turno, Paes precisa ter mais de 50% dos votos válidos —ou seja, descontando os brancos e nulos, se os outros candidatos pulverizarem os votos dos eleitores, a Prefeitura do Rio só vai ser definida no segundo turno.

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Pesquisa de intenção de votos divulgada na segunda (30) mostra Paes com 53% dos votos totais (ele chegou a registrar 64% em 11 de setembro); Ramagem com 20% (tinha 13%); e Motta com 6% (tinha 4% há três semanas).

Ainda que aliados do prefeito digam que pesquisa eleitoral é "um retrato do momento" e minimizem o crescimento dos rivais, a equipe de Ramagem viu um sinal de preocupação na ofensiva pelo "voto útil da esquerda".

Nos últimos dias, políticos alinhados com pautas progressistas pregaram voto em Paes com o discurso de evitar um segundo turno contra Ramagem. O principal expoente desse grupo é o presidente da Embratur Marcelo Freixo, que hoje está no PT, mas já foi do PSOL, partido de Tarcísio Motta. O presidente Lula apoia a reeleição do prefeito.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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