Letícia Casado

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Reportagem

Se Bolsonaro for preso, ele lança 'poste' que ganhará em 2026, diz Valdemar

A reversão da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro para 2026 é considerada uma hipótese real para o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Para isso, ele negocia com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), a votação do projeto de anistia aos presos de 8 de janeiro, incluindo uma emenda que possa livrar também Bolsonaro.

Bolsonaro está inelegível até 2030 por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas também tem dito que vai conseguir reverter a situação e concorrer daqui a dois anos.

Em caso de condenação em processos que tramitam no STF, Valdemar ainda vislumbra que o capital político de Bolsonaro mostre sua força.

"O Bolsonaro vai ser candidato. Sabe por quê? Se prenderem o Bolsonaro e ele lançar de candidato um poste para Presidente da República?", diz Valdemar.

A possibilidade de que ele fique fora da disputa tem alimentado expectativas sobre outros nomes do campo da direita, em especial o do aliado Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo.

"Tarcísio é aliado 100%. Não tem problema nenhum, ele é Bolsonaro roxo."

O "poste", no entanto, não seria a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

"Ele não quer a Michelle em cargo executivo. Ele já falou pra mim. Porque ela não tem experiência de administração pública, de lidar com as coisas de pessoal difícil, coisas de político e tal. E é verdade. Ele não quer."

Capital político de Bolsonaro em 2024

Valdemar afirma que Jair Bolsonaro é o responsável por alavancar candidaturas bem-sucedidas em capitais como Rio Branco — Tião Bocalom venceu com 54,82% dos votos — e em outras que estão sendo disputadas em segundo turno, como Cuiabá, Goiânia, Manaus, Fortaleza e João Pessoa.

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"O que Bolsonaro mostrou nesta eleição: o partido fez o maior número de votos para prefeitos. Estamos em nove capitais [no segundo turno]. Tudo isso nós devemos a Bolsonaro. Se não fosse ele, esquece."

O PL conquistou 510 prefeituras no primeiro turno, quase 10% dos municípios do país. Os prefeitos da legenda receberam 15,6 milhões de votos. O partido está no segundo turno em nove de 15 capitais.

O PSD, de Gilberto Kassab, elegeu o maior número de prefeituras e ficou em segundo lugar no total de votos: 878 prefeitos com 14,3 milhões de votos.

Se Bolsonaro usasse jatinho, diz ele, mais campanhas poderiam ser alavancadas: "O grande problema do Bolsonaro na eleição foi ele não andar de jatinho, só de avião de carreira. Ele vai para João Pessoa, perdeu o dia [em deslocamento]."

Eleição da Câmara em negociação

Valdemar reitera que tem um acordo com Lira para apoiar o candidato que ele escolher para sua sucessão, mas afirma que vai pressionar pelo compromisso da pauta do projeto de anistia.

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Apesar disso, ele reconhece que haverá pressão do PT — que também é cortejado para apoiar o nome de Hugo Motta — contra a pauta.

Para Valdemar, o atual candidato de Lira ainda não está com a vitória garantida. "Nós vamos negociar".

Hugo Motta já falou comigo, Elmar veio falar. E eu falei: 'Nós vamos fazer acordo para esses dois anos só'. Porque se nós ganharmos a Presidência da República, nós vamos querer ter a presidência da Câmara. E a presidência do Senado.
Valdemar Costa Neto, presidente do PL em entrevista ao UOL

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