STF espera pressão dos EUA sob Trump, mas projeta 'efeito Musk'
Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) dão como certo que o novo governo de Donald Trump vai fortalecer o discurso de parlamentares brasileiros e americanos alinhados com o bolsonarismo e que isso deve resultar em novas ofensivas contra a Corte.
Casos que envolvam o ex-presidente Jair Bolsonaro, os ataques de 8 de Janeiro ou mesmo ações sobre pautas de costume devem ficar no foco dos apoiadores desses líderes — e o tribunal precisará se defender. No entanto, afirmam, a retórica não vai impactar a conduta do Judiciário brasileiro.
"Elon Musk pressionou e perdeu no caso do X", resume um magistrado.
Ao longo de cinco meses, o bilionário americano descumpriu ordens do STF referentes ao antigo Twitter. Quando a plataforma foi suspensa no país e as contas de outra empresa do grupo foram congeladas, Musk atendeu às determinações da corte.
As decisões foram proferidas por Alexandre de Moraes e referendadas por seus colegas. A postura do ministro no caso do X é usada como referência para eventuais ataques de trumpistas e bolsonaristas.
Nos bastidores do tribunal, o entendimento é de que a corte vai precisar pautar rapidamente a discussão de casos polêmicos em plenário para que as decisões não fiquem personificadas em um ministro e tenham caráter institucional.
Além do próprio Musk, parlamentares do partido de Trump também tentaram fazer pressão sobre os ministros do STF. Em meio à confusão provocada pelo empresário, dois congressistas apresentaram um projeto para barrar entrada de Moraes nos Estados Unidos.
A avaliação na Corte é que os ataques devem ficar restritos a pautas de apelo populista, sem interferir em questões pragmáticas como a relação comercial entre os países. A posição é semelhante à de diplomatas ouvidos pela coluna, que veem estabilidade no comércio entre Brasil e Estados Unidos no novo governo.
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