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Lula vai comentar o julgamento que pode deixar Bolsonaro inelegível?
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A julgar pelo silêncio, nem parece que é a semana mais significativa no embate entre lulismo e bolsonarismo. Na próxima quinta-feira, Jair Bolsonaro será julgado pelo TSE e, ao que indicam os ventos, deve se tornar inelegível.
O Lula de agora não parece com o Lula da campanha falando sobre seu pólo oposto. "Bolsonaro, seus dias estão contados. Não adianta desconfiar de urna. Você tem medo de perder as eleições e ser preso depois de terminar as eleições", disse o atual presidente em 9 de maio do ano passado.
Tanto Lula quanto Bolsonaro se esmeram nas declarações pesadas e de efeito de parte a parte, afinal são populistas. Mas, quando convém, surpreendem a própria torcida fanática, aliviando para o adversário.
Quando Sergio Moro fez uma entrevista coletiva bombástica dizendo que Jair Bolsonaro tentava interferir na Polícia Federal, o universo luloafetivo já salivou de vontade de treta. Lula jogou um balde de água fria. Disse que o presidente estava certo e escolher o diretor-geral da PF é prerrogativa dele.
Na indicação de Christiano Zanin, advogado de Lula, para uma vaga no STF, também foi a certeza dos bolsomínions de sinal verde para uma treta daquelas. Jair Bolsonaro comentou, de forma serena e lacônica que indicar ministro do STF é prerrogativa do presidente da República.
As torcidas de político, um dos fenômenos mais ridículos da história nacional, crêem que elas são a prioridade de seus ídolos. Na realidade, eles se colocam como prioridade sempre. Atacar o pólo oposto nem sempre vale a pena, principalmente quando coloca em risco a polarização tóxica que esgarça a sociedade mas beneficia alguns grupos políticos. Na maioria das vezes, vale muito mais atacar os moderados e inimigos comuns.
O caso Lula já mostrou que declarar um político inelegível ou colocar na cadeia não é complicado só para ele. Também convulsiona o horizonte político de seu pólo oposto no embate público.
Num primeiro momento, a inelegibilidade do outro será vista obviamente como vitória. Num país polarizado, se um pólo some, o outro fica fraco e não há como viabilizar outra corrente política nas eleições. O problema é o que vem depois.
Temos um país rachado ao meio. No caso de Lula, os apoiadores de Bolsonaro e da Lava Jato tinham plena convicção da culpa, necessidade de prisão e inelegibilidade. Juízes também e não só Sergio Moro. Na época, poucos anos atrás, a prisão de Lula foi mantida por outros 9 juízes, entre desembargadores do TRF4 e ministros do STJ. O habeas corpus foi negado por 6 ministros do STF.
O que nunca aconteceu é convencer os lulistas de que a prisão era justa. Mesmo entre os que admitiram os atos de corrupção e se desiludiram com o partido havia dúvidas da forma de solucionar. Impedir o povo de votar em Lula jamais convenceu os lulistas.
Agora estamos diante do mesmo cenário com o bolsonarismo. Aliás, estamos diante de um cenário muito mais rápido. Não houve uma montanha de cúmplices admitindo tudo e mais um pouco durante anos até se chegar à figura principal. A primeira figura é a do ex-presidente e sem o que se possa chamar de "batom na cueca".
Mesmo entre quem não é bolsonarista existe o questionamento sobre o caso em si. Tornar Bolsonaro inelegível pela reunião com embaixadores é proporcional? Entre os bolsonaristas, isso será visto como sinônimo de perseguição. Só o tempo dirá como isso termina.
No momento, parece que Lula considera mais favorável o silêncio. Viajando mais que FHC em seu primeiro mandato, quando foi apelidado de "Viajando Henrique Cardoso" pelo Casseta&Planeta, estará ao lado de Macron e do Coldplay na semana do julgamento de Bolsonaro.
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