Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Brasileiro retoma otimismo com país, mas não conta com Bolsonaro para isso
A principal análise da rodada de pesquisas desta semana é de que há um descolamento entre a expectativa positiva para o país e a avaliação negativa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A pesquisa XP/Ipesp mostra que há uma esperança de melhora na economia e na saúde, mas a reprovação do presidente bateu recorde: 52% consideram seu governo ruim/péssimo. No levantamento Genial/Quaest, a maioria está otimista em relação à melhora da economia (38%), mas a avaliação negativa do governo Bolsonaro chegou a 44%.
A pesquisa do Instituto Ideia mostra que até na região Centro-Oeste, onde a avaliação positiva do governo superava a negativa, essa tendência se inverteu. E a desaprovação atingiu o recorde, alcançando 57%.
No Datafolha, a reprovação do presidente Bolsonaro chegou a 51%, um novo recorde. E Bolsonaro é visto agora como desonesto, falso, incompetente, despreparado, indeciso, autoritário, favorece os ricos e mostra pouca inteligência. Na PoderData, o apoio ao presidente mantém os 36%, mas sua rejeição bateu 56%.
Bolsonaro está no pior momento de seu governo em todas as pesquisas. Isso mostra que há uma mudança na percepção da imagem do presidente da República. A principal novidade é a corrupção. Quem antes perdoava determinados problemas no enfrentamento da pandemia, agora já enxerga a soma de erros. A corrupção torna o governo imperdoável.
Nada disso está escrito com todas as linhas nas pesquisas, mas é o que apontam os dados. Para quem se elegeu como representante da antipolítica, da anticorrupção, anti-tudo-o-que-está-aí, o fato de ser colocado com transparência diante do baixo nível das negociações de compra de vacinas e da brecha para obter propina nessas negociatas é demolidor.
O problema maior para Bolsonaro é que isso acontece em um momento em que ele promete renovar o auxílio emergencial (que já o salvou), em que a vacinação está avançando e surtindo efeito mesmo com o boicote do governo federal, em que existe diminuição no número de mortes há duas semanas consecutivas, e em que, apesar de todos esses elementos, nada é capaz de parar sua queda.
O eleitor perdoa muitas vezes o eleito. Mas quando a desaprovação rompe uma determinada barreira, fica difícil voltar. O eleitor se sente enganado, traído, magoado, se torna motivo de chacota, perde argumentos. Foi o que aconteceu com Lula, perdoado no mensalão, mas não no petrolão.
É como um furo na parede de uma represa: mais dia, menos dia, ela arrebenta.
A corrupção é esse furo na represa de Bolsonaro. Ele foi perdoado nas fake news, nos atos antidemocráticos, na demora para comprar vacinas, na escolha de um militar e não de um técnico para chefiar o Ministério da Saúde na pandemia, por receitar cloroquina e validar "tratamento precoce" ineficaz. Mas na hora em que a corrupção chegou, ao que tudo indica, nada mais vale.
A CPI da Covid teve o papel de demonstrar a sucessão de problemas e apontar a corrupção, que pode ser um ponto intransponível para Bolsonaro. Agora, a adesão às mobilizações de rua pode mover também a percepção da Câmara.
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