Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Pesquisas indicam eleitor baseado em fatos, não em cloroquinas eleitorais
A pesquisa BTG/FSB divulgada nesta segunda (21) mostra o que mais pesa na escolha do eleitor por um candidato a presidente no pleito deste ano: o programa de governo (29%), a experiência como gestor público (27%) e o histórico na Justiça (23%). As alianças partidárias (8%) e os discursos dos candidatos (6%) incidem menos.
Ao considerar o conteúdo do programa de governo como ponto principal para definir seu voto, o eleitor demonstra ter mudado de posição em relação a 2018. Não espera mais um candidato da antipolítica, "salvador da pátria", com propostas milagrosas. Está mais preocupado com temas sensíveis e com medidas para conter o desemprego e a inflação, reduzir a pobreza, a fome e a miséria.
Aí entra a importância da experiência de cada candidato como gestor público, segunda característica que mais pesa na decisão do eleitor. O pleito de 2022 traz, pela primeira vez, dois candidatos na liderança das pesquisas que já foram presidentes do país: ex-presidente Lula (PT) tem 38% das intenções de voto na pergunta espontânea e o presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece com 27%.
Significa que a decisão do eleitor está mais assentada em questões concretas e objetivas, na memória de políticas públicas e menos na emoção. Com a vivência das gestões, é muito mais concreto para o eleitor perceber o que funcionou, o que foi jogo político e o que deu errado por incompetência.
A pesquisa mostra também que as implicações na Justiça são importantes na hora de definir o voto, para além do combate à corrupção. Lula terá de explicar o que houve com seus processos, o que não é simples de entender, e Bolsonaro terá de lidar com as acusações que o colocam no esquema ilegal de repasse de parte dos salários de servidores que atuavam em gabinetes da família Bolsonaro, conhecido como "rachadinha".
Os dados demonstram, ainda, que o brasileiro está apreensivo com situações da vida cotidiana e considera o ex-presidente Lula mais preparado para reduzir a pobreza, manter ou ampliar programas sociais, gerar empregos, combater alta dos preços, promover o crescimento da economia, reduzir impostos e gerir a pandemia. Os dois estão empatados na margem de erro no combate à corrupção.
Há também a intenção de 38% dos eleitores em fazer voto útil caso seja necessário. Em um cenário como esse, Lula leva vantagem: 24% mudariam o voto para derrotar Jair Bolsonaro. O atual presidente é o candidato mais rejeitado, com 53%, e Lula tem rejeição de 41%. Dos eleitores que rejeitam ambos, a maior parte (38%) afirma que escolheria Lula.
O conjunto de pesquisas de opinião vem mostrando que o eleitor quer basear suas escolhas em fatos concretos e objetivos, que aprendeu com a enxurrada de notícias falsas de 2018, que não acredita em soluções inovadoras fora da política e que mitos não resolvem problemas da vida real.
É o efeito cloroquina que Bolsonaro carrega.
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