Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Queiroz se expressa com o mesmo machismo de seu compadre Bolsonaro
Amigo de longa data do presidente Jair Bolsonaro (PL) e tutor de Flavio nos tempos de Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Fabrício Queiroz se expressa com o mesmo machismo de seu compadre. Em entrevista à revista Veja nesta sexta (18), Queiroz negou ter participado de qualquer desvio de dinheiro. Para se defender, ofendeu as mulheres. "Gosto da rachadinha, mas da feminina."
Queiroz e Flávio Bolsonaro foram denunciados pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio) no caso da rachadinha, um esquema ilegal de repasse de parte dos salários de servidores que atuavam em gabinetes da família Bolsonaro. O ex-policial foi assessor de Flávio de 2007 até outubro de 2018.
Ofender as mulheres não vai salvar Queiroz das denúncias de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
De olho em uma candidatura como deputado federal, Queiroz lançou mão de um comportamento típico do bolsonarismo, que inferioriza, desqualifica e insulta as mulheres. Não é por acaso que o eleitorado feminino é mais refratário a Bolsonaro e a políticos correlatos.
São as mulheres que mais o rejeitam. A pesquisa Genial/Quaest desta semana mostra que 53% das mulheres avaliam o governo Bolsonaro negativamente. A presença de homens ao seu redor foi marcante durante a campanha de 2018 e segue dominando os ambientes que frequenta.
Mas o presidente não tem tido um bom desempenho nas pesquisas de opinião e sua rejeição permanece alta. Não está confortável para poder abrir mão do voto feminino, maioria do eleitorado, com cerca de 77,3 milhões de mulheres. Nenhum candidato pode dispensar as eleitoras, em especial se quiser alcançar as mulheres jovens — outro segmento que o rejeita.
Seu principal oponente tem mais simpatia do eleitorado feminino. Se as eleições fossem hoje, Bolsonaro perderia para o ex-presidente Lula em qualquer cenário. As mulheres elegeriam o petista em primeiro turno, dado o peso de sua escolha.
Em 2018, o antipetismo teve um papel importante sobre as mulheres eleitoras de Bolsonaro. O quadro de 2022 é outro: o presidente e seus ministros se mostraram incompetentes e negligentes para gerir as crises sanitária, econômica e social e isso atingiu a vida das mulheres em cheio; não houve desenvolvimento e criação de políticas públicas eficazes para mulheres nesse governo; sob Damares, houve um avanço de pautas ultraconservadoras que podem, inclusive, retirar direitos das mulheres; e as expressões machistas se seguiram com ofensas às jornalistas e conclusões de que mulheres estão "praticamente integradas à sociedade", em declaração mais recente.
Bolsonaro e os pré-candidatos que o seguem enfrentam um dilema: o machismo e a misoginia são pilares que fundam o bolsonarismo. Por isso, qualquer tentativa de se aproximar do eleitorado feminino soa falsa e inconsistente.
A estratégia tem sido, então, agradar seu eleitorado mais fiel, que não se importa com direitos das mulheres, tem ojeriza aos direitos sociais e humanos, não se incomoda com desigualdades de gênero e de raça, se sente superior ao resto da população e se satisfaz sendo dono de armas de fogo.
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