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Mauricio Stycer

REPORTAGEM

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Globo associa agressão a jornalistas à "retórica beligerante de Bolsonaro"

Colunista do UOL

31/10/2021 16h49Atualizada em 31/10/2021 18h26

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Em nota divulgada na tarde deste domingo (31), a Globo comentou a agressão sofrida por jornalistas que estão acompanhando a passagem do presidente Jair Bolsonaro por Roma. "É a retórica beligerante do presidente Jair Bolsonaro contra jornalistas que está na raiz desse tipo de ataque", diz a nota.

Segundo relato do site G1, ao perguntar o motivo de o presidente não ter participado de alguns eventos do G20 com outros líderes, o correspondente da Globo, Leonardo Monteiro, recebeu um soco no estômago e foi empurrado com violência por um segurança.

A correspondente da Folha, Ana Estela de Sousa Pinto, relatou a agressão que sofreu. "Quando a Folha tentou filmar a agressão, outro agente tentou arrancar o celular desta repórter e a ameaçou", ela escreveu. Profissionais de outros veículos, como a BBC, também foram ameaçados ou agredidos.

Jamil Chade, repórter do UOL, igualmente registrou a violência de que foi vítima: "Quando a reportagem do UOL foi filmar a violência contra os jornalistas da GloboNews e tentar identificar o policial italiano que cometeu a agressão, o segurança empurrou, agarrou o braço para torcê-lo e levou o celular. Instantes depois, jogou num dos cantos da rua. Os policiais italianos estavam sendo acompanhados também por seguranças brasileiros".

"Esse episódio lamentável é reflexo direto dos atos do presidente. O comportamento dos seguranças espelha o de Bolsonaro, que reage com violência a quem simplesmente cumpre sua função ao seguir seus passos e o submeter a um contraditório que ele sempre busca evitar", disse Murilo Garavello, diretor de conteúdo do UOL.

Em nota, a Associação Nacional de Jornais disse esperar que os atos de violência cometidos contra os jornalistas sejam apurados e os culpados, punidos. "A impunidade nesse e em outros episódios é sinal de escalada autoritária".

Já a Folha afirmou em nota: "A Folha repudia as agressões sofridas pela repórter Ana Estela de Sousa Pinto e outros jornalistas em Roma, mais um inaceitável ataque da Presidência Jair Bolsonaro à imprensa profissional."

Abaixo a nota da Globo:

"A Globo condena de forma veemente a agressão ao seu correspondente Leonardo Monteiro e a outros colegas em Roma e exige uma apuração completa de responsabilidades. Quem contratou os seguranças? Quem deu a eles a orientação para afastar jornalistas com o uso da força? Os responsáveis serão punidos? A Globo está buscando informações sobre os procedimentos necessários para solicitar uma investigação às autoridades italianas. No momento, ficam o repúdio enfático, a irrestrita solidariedade a Leonardo Monteiro e demais colegas jornalistas de outros veículos e uma constatação: é a retórica beligerante do presidente Jair Bolsonaro contra jornalistas que está na raiz desse tipo de ataque. Essa retórica não impedirá o trabalho legítimo da imprensa. Perguntas continuarão a ser feitas, os atos do presidente continuarão a ser acompanhados e registrados. É o dever do jornalismo profissional. Mas essa retórica pode ter consequências ainda mais graves. E o responsável será o presidente."

A Associação Nacional de Jornais também divulgou uma nota. Veja abaixo:

"A Associação Nacional de Jornais (ANJ) repudia com veemência e indignação as agressões sofridas por jornalistas brasileiros na cobertura das atividades do presidente Jair Bolsonaro em Roma. A violência contra os jornalistas, na tentativa de impedir seu trabalho, é consequência direta da postura do próprio presidente, que estimula com atos e palavras a intolerância diante da atividade jornalística. É lamentável e inadmissível que o presidente e seus agentes de segurança se voltem contra o trabalho dos jornalistas, cuja missão é informar aos cidadãos. A agressão verbal e a truculência física não impedirão o jornalismo brasileiro de prosseguir no seu trabalho. A ANJ espera que os atos de violência cometidos contra os jornalistas sejam apurados e os culpados, punidos. A impunidade nesse e em outros episódios é sinal de escalada autoritária."