Topo

Mauricio Stycer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ao ignorar a imprensa, governo e autoridades dão as costas aos brasileiros

8.dez.2021 - O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante evento em Brasília - Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo
8.dez.2021 - O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante evento em Brasília Imagem: Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

30/12/2021 09h32

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, concedia uma entrevista na quarta-feira quando foi questionado sobre a exigência de prescrição médica para vacinar crianças contra a covid.

Primeiro, distorceu a proposta, deixando de dizer que foi uma ideia do ministério. "Governadores falam em prescrição, prefeitos falam em prescrição", disse Queiroga, até ser lembrado por uma jornalista. "Eles falam em não pedir, ministro".

Queiroga, então, disse: "E pelo que eu saiba, a grande maioria deles não são médicos. Eles estão interferindo nas suas secretarias estaduais e municipais". Uma repórter o questionou, então. "Por que, pela primeira vez, pedir prescrição?" Sem dizer mais nada, Queiroga se virou, deu as costas aos jornalistas e foi embora.

Essa atitude do ministro é uma cena que já vimos muitas vezes. Queiroga está imitando o presidente Jair Bolsonaro, que dá as costas e abandona entrevistas quando não gosta das perguntas.

Se abandonar uma entrevista pela metade é uma deselegância, deixar de dar informações é um desrespeito às obrigações que funcionários e órgãos públicos têm com o público.

Esta semana, entre outros problemas, o Ministério da Saúde vem sendo questionado por jornalistas sobre a ausência de medicamentos de uso contínuo que estão em falta em postos médicos. O caso mais recente, como mostrou a Folha nesta quinta (30), é a falta de um medicamento para pacientes com epilepsia. O Ministério da Saúde não respondeu aos questionamentos do jornal sobre o desabastecimento e sobre a nova proposta de troca da dosagem do medicamento.

Outro tema que incomoda é o apagão de dados oficiais sobre a covid no Brasil. Sem esses números, a comunidade científica não tem um retrato fiel da pandemia, o que torna impossível traçar políticas públicas. Questionado pelo Jornal Nacional, na quarta-feira (29) o ministério da Saúde não respondeu.

Nas redes sociais, apoiadores do presidente elogiam a atitude do ministério e dizem que a Globo não merece resposta mesmo. Parecem não entender que a atitude de silenciar e dar as costas, embora dirigidas a jornalistas e veículos de mídia, têm por alvo todos os brasileiros.