Governo abre processo contra empresa que pagou assessor de Bolsonaro
A CGU (Controladoria-Geral da União), órgão de controle do governo federal, abriu um processo contra uma empresa que fez pagamentos a um ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro.
Como revelou o UOL no ano passado, a Cedro do Líbano, fornecedora do governo federal, fez transferências a um militar da Ajudância de Ordens da Presidência da República. O servidor então fez saques em dinheiro vivo e pagou despesas de um cartão de crédito usado por Michelle Bolsonaro em pelo menos três ocasiões.
O militar, o segundo-sargento Luis Marcos dos Reis, também fez ao menos 12 depósitos em dinheiro em conta de uma tia da então primeira-dama, segundo a PF. A defesa de Michelle negou irregularidades e alegou desconhecer que os repasses tenham acontecido.
A empresa de materiais de construção, investigada pela PF (Polícia Federal), foi contratada pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales São Francisco e Parnaíba), pelo IFTO (Instituto Federal do Tocantins) e pela UFES (Universidade Federal do Espírito Santo).
A CGU instaurou um processo administrativo de responsabilização (PAR) pela Lei Anticorrupção contra a empresa nesta segunda-feira (27). O objetivo é apurar se a fornecedora do governo deu vantagem indevida a servidor público.
Caso seja constatado que a empresa cometeu irregularidades, ela pode ser condenada a pagar uma multa ou ser impedida de firmar novos contratos com a administração pública.
Além de receber transferências da pessoa jurídica da Cedro do Líbano, o ajudante de ordens também teve intensa movimentação financeira com Vanderlei Cardoso de Barros, marido de uma das sócias da empresa.
Quando os repasses vieram a público, Vanderlei Cardoso disse que as transferências seriam referentes a um consórcio, um negócio privado entre ele e o sargento do Exército Luís Marcos dos Reis.
Com sede em Goiânia (GO), a Cedro do Líbano já recebeu R$ 301 mil em recursos do governo federal. Como mostrou reportagem de O Estado de S. Paulo, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou movimentações financeiras atípicas de R$ 32 milhões na empresa.
A empresa venceu os três pregões eletrônicos que a levaram a firmar contratos com o governo federal em 2021, penúltimo ano da gestão Bolsonaro.
A Codevasf, que contratou a empresa para fornecer quatro plantadeiras e adubadeiras mecanizadas, informou, em 2023, que os bens foram entregues corretamente e que desconhece as relações entre os sócios da empresa e terceiros.
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