Contratados pelo governo, comunicadores estrelam "topa tudo por dinheiro"
O governo Bolsonaro direciona gastos de propaganda para emissoras que considera aliadas como a Record, a Band e o SBT. Esses canais televisivos receberam 91% das verbas publicitárias de campanha propagandística em defesa da reforma da previdência, como demonstrou reportagem da Folha de S. Paulo. Como bônus, exibem conversas afáveis entre comunicadores e autoridades falsamente rotuladas como entrevistas
Desde a redemocratização, o direcionamento de verbas públicas da propaganda de governo tem sofrido maior ou menor influência política. Faltam parâmetros transparentes, impessoais e não partidários na destinação dos recursos.
O governo descarta a possibilidade de estabelecer equivalência entre o volume de verba e o percentual de audiência, por acreditar que beneficiaria a Globo. Tecnicamente deveria agir assim. É a forma mais distante possível do apadrinhamento político puro e simples.
O que mais espanta no escândalo da malversação das verbas de propaganda é o pagamento de "testemunhos" de comunicadores de televisão na defesa de pontos de vista governistas. Ratinho (SBT), Datena (Band), Ana Hickman (Record) e Luciana Gimenez (Rede TV) receberam dinheiro do governo para defender a reforma da previdência para suas audiências.
Cada qual ao seu modo, eles atuaram como se fossem participantes do "Topa Tudo por Dinheiro", aquele quadro em que Silvio Santos jogava aviõezinhos de notas de real para a plateia.
A reflexão que cabe aqui é se é legítimo e legal que o governo compre as palavras de comunicadores com extensa base popular sem que a audiência seja alertada disso. No quesito público, é um atentado contra a transparência, os valores republicanos e a noção de prestação de serviço embutida em concessões governamentais como os canais televisivos. No quesito de direitos do consumidor, o espectador é vítima de uma empulhação ao se fiar em opiniões de comunicadores que se venderam silenciosamente ao governo. Tudo por dinheiro
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.