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O Radar das Eleições

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Reportagem

'Há uma tendência de superestimar o voto útil', diz marqueteiro de Tabata

Com dificuldades de se aproximar do "pelotão da frente", onde três candidatos disputam a liderança pela Prefeitura de São Paulo, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) pode ver o fracasso de sua campanha ser ainda maior quando consideramos o cenário do chamado "voto útil".

Mesmo com um apelo mais jovem, Tabata enfrenta aquela situação em que eleitores pensam: "Queria votar nela, mas ela não vai ganhar". Para o marqueteiro da candidata, Pedro Simões, no entanto, há uma "tendência a superestimar esse voto útil pragmaticamente calculado".

"O voto é uma expressão de desejos, anseios e afetos que acabam sendo muito mais potentes do que a lógica fria da pesquisa eleitoral", diz.

Apesar disso, Simões diz que vai trabalhar para que Tabata consiga atrair a atenção dos paulistanos, que viram a "onda Pablo Marçal" bagunçar a corrida eleitoral. E ele afirma acreditar que é possível um cenário em que —por sua baixa rejeição (17%)— Tabata possa até ser vista como uma "alternativa ao voto útil".

"O eleitor do voto útil pode acabar votando na Tabata, que tem mais chance de derrotar o Pablo Marçal e os outros candidatos, que têm rejeição maior que a dela", avalia Simões.

Memória de outras eleições

Cientistas políticos ouvidos pela coluna lembraram a eleição de 1998, quando Marta Suplicy não passou para o segundo turno na disputa pelo governo de São Paulo, numa disputa acirrada para ver quem enfrentaria Paulo Maluf, que terminou o primeiro turno na liderança.

O voto útil nesta eleição foi no sentido que Mario Covas, que estava mal avaliado no governo, teria mais chances de derrotar Maluf. Ou seja, a rejeição de um tirou a outra da disputa.

Agora, em 2024, Tabata tem que disputar eleitores dos dois polos políticos e mostrar que é uma candidata "viável". Na esquerda e na liderança, está Guilherme Boulos (PSOL), que tem o eleitor mais convicto de seu voto. Ele, porém, é o candidato que carrega uma rejeição alta (37%).

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Na direita, Nunes e Marçal disputam o espólio do bolsonarismo e compartilham rejeição, quesito no qual o atual prefeito, com 21%, ganha do ex-coach, que tem no último Datafolha 38% de rejeição.

Para o cientista político e professor do Insper Carlos Melo, o voto útil também pode ser chamado de voto estratégico. "O eleitor faz conta. O voto é racional. O desafio do candidato que não quer ser canibalizado por esse voto estratégico é reverter votos. É chegar ali 'cabeça com cabeça'", afirma.

Para o cientista político da Tendências Consultoria Rafael Cortez, o eleitor de alguma maneira procura coordenar o voto. "Para que o voto útil funcione para Tabata, por exemplo, ela precisa ter perspectiva de chegada ao segundo turno."

Na avaliação de Cortez, a estratégia de se colocar como a opositora de Marçal pode ajudar, mas ela precisa de algum "outro choque para ter mais apelo".

Websérie para tentar 'se apresentar'

Conforme já mostrou a coluna, o principal desafio dado ao marqueteiro Pedro Simões é tornar Tabata conhecida para além da "menina pobre que estudou em Harvard".

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O último episódio da websérie "Tabata" revela a ação do destino na trajetória de vida e nas conexões pessoais da candidata, como o relacionamento com o prefeito do Recife, João Campos, que concorre à reeleição.

Na peça, ela fala da sua relação com o pai, que se suicidou após problemas com droga, e sobre a força que encontra hoje no namorado para "cumprir promessas".

O filme também mostra a ligação com a família do namorado, já que Tabata conquistou uma medalha na OBEMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), ideia implementada por Eduardo Campos, então ministro de Ciência e Tecnologia e pai de João Campos.

A aposta de mostrar a ligação das famílias tem sido bem recebida nas redes. A campanha imagina que a websérie ainda "pode pegar", já que a audiência não começou muito bem.

Reportagem

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