Raquel Landim

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Reportagem

Comemoração em comitê de Nunes foi de palavrões e gritos contra Marçal

"Ei, Marçal, vai tomar no c....".

Assessores, apoiadores e políticos se abraçavam e gritavam a frase acima na porta dos elevadores da área reservada antes de descer para a coletiva de imprensa de Ricardo Nunes (MDB).

Desde que o Datafolha projetou que Nunes e o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, se enfrentariam no segundo turno das eleições para a prefeitura de São Paulo, o clima era de muita comemoração e também de palavrões contra Marçal.

"Chupa, Marçal!" — foi a primeira frase que se ouviu logo após o anúncio em um telão instalado no local e sintonizado na GloboNews.

O desabafo dos assessores de Nunes dá o tom do que foi a campanha no primeiro turno, dada a agressividade do candidato Pablo Marçal (PRTB), que provocava os adversários principalmente nos debates. A campanha teve até soco e cadeirada.

Os aliados de Nunes começaram a se reunir no Edifício Joelma, em frente à Câmara Municipal, a partir das 17 horas para a apuração dos votos.

Estavam por lá o secretário de Relações Internacionais, Aldo Rebelo, o secretário de chefia de governo, Edson Aparecido, o deputado Tomé Abduch, o ex-deputado Guilherme Afif Domingos, entre presidentes estaduais e municipais do MDB.

A perspectiva desde o início era de uma apuração apertada, mas a sensação geral era de confiança. Muitos apostavam que o episódio do laudo falso contra Boulos tiraria votos de Marçal.

Além disso, a equipe de Nunes acreditava que o eleitorado feminino, principalmente da periferia, garantiria um bom desempenho ao prefeito.

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Circularam vários trackings por lá, que são pesquisas de alta frequência, mas o que mais se aproximou do resultado final foi um encomendado pelo União Brasil, do vereador Milton Leite. Esse tracking apontava Nunes à frente, seguido de Boulos com uma diferença pequena para Marçal.

Antes da contagem de votos ganhar tração, alguns assessores apostavam num segundo turno entre Nunes e Marçal. Diziam que o ex-coach ia bem nos rincões da periferia onde o prefeito encontrava muita gente "fazendo o M".

Contavam também, em conversas reservadas, que alguns vereadores do PT não faziam tanto esforço assim por Boulos.

Nunes era esperado desde às 18 horas, mas só chegou depois do resultado garantido. Segundo alguns dos presentes, estava com receio da derrota.

Preferiu assistir ao resultado em casa e só chegou acompanhado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Pouco antes dele vieram Baleia Rossi, presidente do MDB, e Gilberto Kassab, presidente do PSD.

Nunes e Tarcísio estavam esfuziantes com a vitória contra Marçal, que não parecia nada garantida até bem poucos dias atrás.

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O prefeito comentava com apoiadores que havia vencido inclusive em regiões improváveis, como na Zona Norte, onde Marçal é mais forte.

"Foi igual o Ayrton Senna, primeiro de ponta a ponta", dizia Tarcísio.

Ele contou ainda sobre um momento em que a diferença entre Nunes e Boulos ficou estreita, mas não chegou a ocorrer a ultrapassagem.

Quase não havia "bolsonaristas raiz" por lá. Praticamente o único representante era Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, que se envolveu com a campanha de Nunes desde o início.

Ele fez uma chamada de vídeo com o ex-presidente e mostrou o auditório lotado, mas, na confusão, quase ninguém percebeu.

Aliados de Nunes acreditam num segundo turno mais "tranquilo" contra Boulos. Afirmam que o prefeito tem menos rejeição e mais capacidade de garantir apoio do centro.

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Também dizem que ele não vai rejeitar o apoio de Marçal, mas que seus eleitores não tem outra opção, porque não vão votar na esquerda.

E a militância foi embora do Edifício Joelma entoando o mesmo cântico dos assessores na área reservada: "Ei, Marçal, vai tomar no c....".

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