Milei atua como enviado de Trump no G20, mas não tem força de seu mentor
Javier Milei não é Donald Trump.
A afirmação pode parecer óbvia, mas muitos se esqueceram disso nessa cúpula do G20.
O presidente argentino tentou atrapalhar as iniciativas da presidência brasileira, atuando como uma espécie de enviado do presidente eleito dos Estados Unidos. Mas nem de longe tem a força diplomática de seu mentor.
Milei recuou no compromisso já assumido pelo governo argentino de apoiar a taxação dos super ricos, encrencou em temas como mudanças climáticas, governança global e outros.
Nesta manhã, ameaçou não assinar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, apenas para passar o vexame de correr para rubricar o documento depois dos demais países.
Afinal, quem poderia ser a favor da fome no mundo?
O colunista do UOL Jamil Chade também revelou nesta segunda-feira (18) que Milei decidiu apontar divergências em relação à declaração final do G20, mas não vai deixar de firmar o acordo.
Uma saída em estudo é mencionar numa nota de rodapé alguns pontos de preocupação para o líder argentino.
É muito provável que, se a declaração não sair, não será por causa de Milei, mas por divergências profundas sobre a condenação da Rússia na tragédia provocada por Vladimir Putin na Ucrânia.
Como todo país emergente e pequeno, a Argentina é suscetível a pressões.
Milei pode não gostar do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, mas já precisou da ajuda do Brasil em vários momentos. Assumir a embaixada em Caracas, na Venezuela, durante as eleições, foi só um deles.
O líder argentino também recebeu a visita de Emmanuel Macron, presidente da França, em Buenos Aires, no domingo. Macron provavelmente lembrou a ele que a União Europeia não vai se submeter passivamente a Trump.
E nem falamos ainda do ditador chinês Xi Jinping, que compra uma parcela expressiva das commodities argentinas.
O presidente argentino ambiciona ser um "mini Trump", mas sua residência é a Casa Rosada. Logo, numa reunião de cúpula como a do G20, é difícil conseguir mais que uma nota de rodapé.
Em tempo: União Europeia, China, Brasil e outros podem se preparar, porque a vida vai ficar bem mais difícil quando o novo ocupante da Casa Branca chegar.
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