Objetivo do BC não é baixar o dólar, mas contrabalançar saída de dividendos
Engana-se quem acredita que o Banco Central esteja numa queda de braço com o mercado para colocar o dólar abaixo de R$ 6.
A coluna apurou com traders especializados que o objetivo do BC é contrabalançar um fluxo forte de saída de dividendos para o exterior neste fim de ano.
Está saindo mais dinheiro que o previsto, porque os donos de empresas se assustaram com o anúncio de que o governo incluiria no pacote fiscal a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).
O raciocínio deles é que, para pagar a conta, a equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai tentar taxar os "super ricos" tributando dividendos a partir de 2025.
Portanto, a lógica é mandar o máximo de lucro possível ainda este ano para o exterior sem pagar imposto.
O BC passou então a realizar os leilões dar liquidez ao mercado de câmbio e evitar uma disfuncionalidade. A autoridade monetária vem atuando desde quinta-feira. Só nesta segunda foram vendidos US$ 4,6 bilhões.
Recentemente, o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que o banco "não vai segurar o dólar no peito". A lógica dele continua valendo.
Os diretores do BC sabem que é uma briga infrutífera para um país que tem câmbio flutuante. Quando os fundamentos estão jogando contra, trata-se de "torrar" reservas à toa.
O dólar está forte no exterior e, por aqui, temos uma política fiscal frouxa.
Sem colocar os gastos dentro dos limites do arcabouço fiscal, as expectativas não vão melhorar. O governo Lula tem uma semana decisiva no Congresso para votar um pacote fiscal que já é considerado insuficiente
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