Justiça leiloa coleção de vinhos de banqueiro que delatou amigo de Lula
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A coleção de vinhos de Salim Taufic Schahin, banqueiro que envolveu José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, em delação premiada, será leiloada no dia 18 de agosto por determinação judicial.
Salim era um dos sócios do grupo Schahin, que faliu em 2018, depois de uma tentativa frustrada de recuperação judicial. A Justiça considerou que o grupo, que tinha dívidas estimadas em R$ 6,5 bilhões, não estava cumprindo o plano de pagamento dos credores.
O leilão dos vinhos, assim como de outros bens do banqueiro, foi determinada pela Justiça em um processo aberto por 12 bancos, entre os quais o Itaú e o Bradesco, que cobram uma dívida avaliada hoje em cerca de R$ 2,3 bilhões. No total, serão leiloados cerca de R$ 780 mil em bens (móveis, equipamentos eletrônicos, obras de arte etc).
A coleção, cujo valor foi estimada em cerca R$ 35 mil pela perícia, é formada por 150 garrafas e tem alguns ícones como o italiano Sassicaia, da Toscana, de autoria do Giacomo Tachis, considerado como o pai do renascimento do vinho italiano. O exemplar da adega do banqueiro é de 1998 e o preço determinado é de R$ 1.989,10.
Com 15 gavetas, a adega incluía duas garrafas do argentino Catena Zapata (R$ 942,21 cada), o francês Chateau Magdelaine (R$ 1.360) e o champanhe Dom Pérignon (R$ 1.360), um dos mais famosos do mundo. Havia ainda sete garrafas do italiano Lamaione (R$ 837,52 cada). "A rigor não é uma adega de colecionador, foi feita sem curadoria", afirma Guilherme Mendes, da importadora Vinhomix, que analisou a lista a pedido do UOL. "É muito eclética, dá impressão de que ele foi comprando em viagens."
Schahin afirma no processo que passa por grandes dificuldades financeiras, pois seu patrimônio pessoal foi dado como garantia para diversas operações financeiras. Ele e o seu irmão Milton tiveram contas pessoais bloqueadas, bem como houve a penhora de 19 imóveis listados em seus nomes. Há uma ação contra ele por atraso no pagamento do condomínio de seu apartamento, que custa cerca de R$ 15 mil (o edifício cobra oito parcelas, num total de cerca de R$ 122, 9 mil).
Por meio dos seus advogados, o banqueiro questiona a penhora dos seus bens pessoais, apreendidos em sua residência. Alega que a medida viola a sua dignidade e que tem o objetivo de humilhá-lo e constrangê-lo. Argumenta ainda que a penhora recaiu sobre bens de valores ínfimos, quando comparados ao total da dívida cobrada. Contestou também o laudo que avaliou a sua coleção de vinhos, reclamando que o perito não apresentou a documentação e os estudos necessários.
A juíza Juliana Nishina de Azevedo, da 27ª Vara Cível, não aceitou a argumentação. Disse que a constrição do patrimônio é uma medida prevista em lei e que os valores penhorados não podem ser considerados ínfimos, ainda que a dívida executada seja muito maior.
Durante as investigações da Operação Lava Jato, o banqueiro confessou que em 2004 repassou R$ 12 milhões ao PT por intermédio de um empréstimo fraudulento concedido ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula. O empréstimo foi considerado quitado, segundo ele, depois que o Grupo Schahin fechou contrato de US$ 1,6 bilhão com a Petrobras para operar navio-sonda.
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