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Rogério Gentile

REPORTAGEM

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SBT é condenado por exibir foto de adolescente como se fosse assassino

  - Divulgação/SBT
Imagem: Divulgação/SBT

Colunista do UOL

26/04/2022 10h03

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A Justiça de São Paulo condenou o SBT a pagar uma indenização de R$ 30 mil a um jovem que teve a sua imagem divulgada como se fosse um assassino.

Em 2019, o canal de Silvio Santos exibiu uma reportagem sobre o assassinato de um pediatra no Sacomã, em São Paulo, que foi morto durante um assalto após reconhecer um dos criminosos, um rapaz que havia sido seu paciente. O homem, de 72 anos, foi esfaqueado no pescoço.

O SBT, no entanto, ao buscar no Facebook a imagem do rapaz, acabou divulgando a fotografia de um adolescente que não tinha nenhuma relação com o caso.

O jovem, que à época tinha 17 anos, disse à Justiça que passou a ser hostilizado no seu bairro e nas redes sociais e afirmou ter perdido oportunidades de emprego por conta da reportagem.

"A emissora propagou notícia falsa e injusta, sem o mínimo de verificação", declarou no processo o advogado José Rifai Daguer, que representa o jovem e pedia uma indenização de R$ 300 mil.

O SBT se defendeu na Justiça argumentado que o "equívoco" não ocorreu por imprudência ou negligência de sua equipe de reportagem. "Toda a informação chegou ao conhecimento dos jornalistas através da autoridade policial e de informantes que acompanharam o caso", declarou no processo.

A emissora disse não haver provas de que a reportagem provocou "prejuízos morais" ao adolescente e afirmou que o pedido de indenização era "oportunista". "Não existe qualquer comprovação que mostre a certeza de abalo moral ou que o evento tenha causado danos indeléveis a sua existência."

O SBT foi condenado em primeira instância e a decisão foi confirmada pelo Tribunal de Justiça.

O desembargador César Peixoto, relator do processo, afirmou na decisão que a conduta do SBT extrapolou os limites do direito de informação. "Era dever da emissora verificar de forma minuciosa se a pessoa da fotografia era a autora do crime."

O SBT ainda pode recorrer novamente.