Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Justiça vê erro e condena laboratório por homem tirar próstata sem precisar
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
A Justiça paulista condenou o Laboratório Ellinger a indenizar um paciente que se submeteu a uma cirurgia para a retirada total da próstata depois que um exame apontou o diagnóstico de câncer.
A cirurgia foi realizada em maio de 2021 na Santa Casa de Barretos, no interior paulista.
O paciente afirma no processo aberto contra o laboratório que, após a cirurgia, o laboratório do Hospital do Câncer de Barretos analisou o material coletado e concluiu que não havia câncer.
Segundo ele disse à Justiça, uma revisão feita sobre as amostras utilizadas pelo laboratório em seu diagnóstico também confirmou que ele tinha apenas um tumor benigno.
Ou seja, não precisava ter tido a próstata retirada.
O paciente, de 63 anos, afirmou à Justiça que, em razão da retirada da próstata, passou a sofrer incontinência urinária e impotência.
Disse também que teve de passar por tratamento psicológico em razão de uma depressão, além de relatar os momentos de estresse aos quais ele e sua família foram submetidos.
Citou, inclusive, o medo de morrer de Covid, uma vez que a cirurgia foi realizada em meio à pandemia, quando os hospitais estavam lotados por pacientes com o vírus.
Na defesa apresentada à Justiça, o laboratório afirmou que não houve erro médico e que o diagnóstico foi condizente com o material analisado na biópsia.
Disse também que o laudo apresentado, "continha clara e expressamente a advertência de que deveriam ser feitos outros exames complementares" para a confirmação do diagnóstico.
"Não houve qualquer conduta irregular", declarou o laboratório.
O juiz Márcio Di Flora não concordou com a argumentação e condenou o Ellinger a pagar uma indenização de R$ 100 mil ao paciente, além de um salário-mínimo mensal até completar 74 anos de vida.
"Além da aflição e do desespero em receber um diagnóstico de câncer, o autor [do processo] acabou sendo submetido desnecessariamente à cirurgia para a retirada da próstata. Não bastasse, tal procedimento acarretou-lhe sequelas permanentes", afirmou o magistrado na decisão.
O juiz ressaltou na sentença que o médico que assinou o laudo sequer possuía a qualificação de patologista.
Citando a conclusão de uma perícia, afirmou não haver dúvidas de que o laboratório "agiu com negligência e imperícia na condução do atendimento de diagnóstico oncológico do autor, causando-lhe prejuízos à saúde".
O advogado João Simão Neto, que representa o laboratório Ellinger, disse à coluna que vai recorrer da decisão.
Ele afirmou que o laboratório é conceituado e publicamente reconhecido como um dos mais operosos e transparentes nos exames laboratoriais.
"Não existe nada de definitivo, mas, sim, uma questão absolutamente controversa. Deve se aguardar todo o desenrolar da ação e o julgamentos dos recursos previstos em lei", afirmou, ressaltando que "não houve a mínima prática de ato irregular".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.