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Produtor é condenado por abusar de atrizes em 'teste' de elenco
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O produtor Rodner Martins de Almeida foi condenado pela Justiça paulista a oito meses de prisão em regime semiaberto sob acusação de ter cometido abuso sexual contra atrizes durante falsos testes de elenco para uma peça teatral. Cabe recurso da decisão.
O processo foi movido pelo Ministério Público a partir do relato de quatro mulheres, que disseram ter sido convidadas para a seleção por meio de conversas na internet. Todas afirmaram que, durante os testes, foram vítimas de crimes sexuais.
As atrizes disseram à Justiça que a peça se chamaria "As Virgens".
Uma delas contou que, ao chegar ao endereço indicado, descobriu tratar-se da casa do produtor. Havia uma câmera no local e ele, segundo a acusação, disse que o processo de seleção teria a mesma dinâmica "utilizada normalmente na USP, podendo fazer o que quisesse com ela".
O produtor, então, falou de sua vida pessoal e começou a apalpar o corpo da atriz, inclusive na região dos seios, simulando "uma pegação de verdade". Rodner disse que ela estava "travada", e a mulher lhe respondeu que era virgem.
Na sequência, o produtor pediu que ela tirasse a roupa, mas a atriz afirmou no processo que ficou apenas de calcinha e sutiã. Rodner, de acordo com a acusação, apalpou, então, suas nádegas e a beijou.
Uma outra atriz relatou à Justiça que o produtor afirmou que ela faria o papel de Grace Kelly, em referência à famosa atriz norte-americana que, em 1956, tornou-se princesa de Mônaco. Os ensaios consistiam em dançar, sentar-se no colo de Rodner e deixar que ele passasse a mão pelo seu corpo.
Dizendo que a atriz tinha de "entrar no personagem", sempre segundo o relato, mandou que ela tirasse a roupa. Diante da recusa, o produtor teria afirmado que esse era o procedimento pelo qual ela teria de passar, inclusive mantendo relações sexuais com ele.
Rodner trancou a porta e, de acordo com o processo, só permitiu que ela saísse quando o ensaio terminasse.
Ao condenar o produtor, o desembargador Fernando Simão afirmou que "ficou demonstrado que, mediante fraude, passando-se por produtor artístico, ele praticou atos libidinosos contra as atrizes, além de conjunção carnal" com uma delas. "Elas acreditaram no que o réu narrava e se submetiam aos seus desejos sexuais, tudo para colherem frutos de suas carreiras artísticas."
Rodner foi condenado pelo crime de violação sexual mediante fraude, o chamado estelionato sexual, e recebeu uma punição de oito meses de prisão em regime semiaberto, no qual a execução da pena é realizada em colônias agrícolas, industriais ou em estabelecimentos similares. O condenado tem direito de trabalhar e frequentar cursos profissionalizantes, de 2º grau ou superior, durante o dia, regressando à noite para sua unidade.
Procurado pela coluna, o advogado Marcos Brito Nascimento, que representa Rodner, afirmou, por meio de uma nota, que o produtor não cometeu crime algum.
Segundo o advogado, Rodner é realmente produtor cultural, ainda que o conteúdo produzido possa ser considerado "como de má qualidade e mau gosto".
"As atrizes não foram levadas a erro, sabiam do conteúdo e concordaram com os ensaios. O senhor Rodner não aplicou nenhum meio que pudesse dificultar a livre manifestação das supostas vítimas, inclusive no estúdio havia a participação de uma equipe", declarou.
"O Ministério Público não apresentou provas contundentes do crime de violação sexual mediante fraude, apesar da posse de todos os aparelhos telefônicos do senhor Rodner. Não existem conversas ou vídeos que corroborem as acusações", afirmou, destacando que a condenação foi tomada com base em "declarações".
"Por mais que o crime de violação sexual mediante fraude cause repulsa perante a sociedade, o Estado não pode se curvar a injustiças. "As mulheres, maiores de idade, experientes, em busca de seus sonhos, se mostraram receptivas aos ensaios requeridos pelo senhor Rodner e sua equipe."
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