Silas Malafaia é condenado a indenizar Vera Magalhães por fake news
A Justiça paulista condenou o pastor Silas Malafaia a pagar uma indenização por danos morais de R$ 15 mil à jornalista Vera Magalhães, apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura, e colunista da rádio CBN.
Em 2022, Malafaia disse nas redes sociais que Vera recebia R$ 500 mil por ano do então governador João Doria (PSDB-SP) para emitir ataques ao então presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Entendeu? Doria começou a bancar a jornalista que ataca o presidente em todo o tempo", escreveu à época.
Vera disse à Justiça que as afirmações eram mentirosas e que tinham o objetivo de inibir o livre exercício da profissão de jornalista e cercear a liberdade de imprensa.
Como apresentadora do Roda Viva, a jornalista é contratada pela Fundação Padre Anchieta, que é custeada por verbas aprovadas pela Assembleia Legislativa e por recursos publicitários obtidos junto à iniciativa privada. A fundação tem independência para decidir quem contratar.
No processo aberto contra o pastor, a jornalista comprovou que o salário recebido é muito inferior aos valores divulgados na fake news.
Silas Malafaia se defendeu no processo afirmando que não ofendeu a jornalista e que apenas exerceu seu direito de crítica. Declarou que, em relação aos valores da remuneração, havia sido induzido a erro por um vídeo gravado por deputados estaduais. Ele disse que corrigiu o dado assim que soube do erro.
A juíza Maria Bertoldo não aceitou a argumentação e disse, na sentença, que ficou caracterizado o dano moral na medida em que o pastor se valeu dos meios digitais para divulgar informações erradas sobre a jornalista, sobretudo em relação ao alegado vínculo político.
"O réu [o pastor] agiu com manifesto abuso de direito", afirmou a juíza.
Malafaia ainda pode recorrer.
A defesa de Vera foi realizada pelos advogados Pierpaolo Bottini, Igor Tamasauskas e Beatriz Logarezzi. Segundo eles, quem ganha com a sentença "é a liberdade de imprensa e o importantíssimo trabalho realizado por Vera e os demais profissionais sérios da área, que são essenciais para a formação de uma opinião pública livre e para o exercício da cidadania em uma democracia saudável".
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