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Com Roberto Alvim demitido, Wajngarten e Olavo de Carvalho mantêm-se fortes

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, e o secretário de Cultura, Roberto Alvim, são pupilos de Olavo de Carvalho -  Reprodução / Facebook / Jair Bolsonaro
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, e o secretário de Cultura, Roberto Alvim, são pupilos de Olavo de Carvalho Imagem: Reprodução / Facebook / Jair Bolsonaro

Colunista do UOL

17/01/2020 15h38Atualizada em 17/01/2020 15h53

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O secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, e o guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, podem não ter pedido explicitamente, mas foram os principais responsáveis pela demissão do secretário de Cultura, Roberto Alvim.

O primeiro, porque a demissão pode servir como cortina de fumaça para abafar o noticiário sobre irregularidades na distribuição de verbas de publicidade e nas nomeações da área de Comunicação da Presidência da República.

Wajngarten entrou no olho do furacão desde que uma reportagem da Folha de S.Paulo revelou que ele recebe, por meio de uma empresa da qual é sócio, dinheiro de emissoras de TV e de agências de publicidade contratadas pela própria secretaria, ministérios e estatais.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não quer demiti-lo. Com isso, o presidente desmente suas próprias declarações da campanha eleitoral, de que afastaria do governo qualquer funcionário sobre quem recaíssem denúncias de irregularidades.

O afastamento de Roberto Alvim é uma tentativa de retomar o discurso e, ao mesmo tempo, encobrir o noticiário sobre Wajngarten pela cortina de fumaça provocada por Alvim.

Quanto a Olavo de Carvalho, tornou-se responsável pelo afastamento do seretário no momento em que divulgou no Facebook, hoje pela manhã, um post lavando as mãos para a presença do secretário no governo.

O guru do bolsonarismo declarou: "É cedo para julgar, mas o Roberto Alvim talvez não esteja muito bem da cabeça."

Olavo de Carvalho não gosta que digam, mas é ele quem dá e tira aval para os ocupantes de cargos de confiança na área cultural do governo. Convenceu Bolsonaro e os filhos de que é preciso estabelecer uma verdadeira guerra contra o comunismo, e que o campo de batalha é a área cultural.

Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta manhã, Alvim chamou Olavo de "meu mestre" e declarou que "a única coisa" que o entristeceu "foi a crítica de Olavo".

E o que há de comum entre o fato de o guru do Bolsonarismo tê-lo abandonado e o Palácio optar pela demissão de um secretário como cortina de fumaça pela preservação de outro?

A velha máxima do personagem Tancredi, de Tomaso de Lampedusa: "Tudo deve mudar para que tudo fique como está".

Roberto Alvim sai para que a área cultural permaneça como está, sob o controle do bolsonarismo radical. E para que a área de Comunicação permaneça sob o comando de Wajngarten.