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Bolsonaro investe sobre o MDB para também isolar Rodrigo Maia no Congresso

Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto -
Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto

Colunista do UOL

06/05/2020 10h53

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Depois de inocular o vírus da discórdia entre o Centrão e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), atraindo o PP e o Republicanos para a base do governo, o presidente Bolsonaro conseguiu também instaurar a dissenso no MDB.

O objetivo, além de servir para aprovar seus projetos no Congresso, é abalar a liderança oposicionista do ainda poderoso presidente da Câmara.

Bolsonaro resolveu também investir em deputados e senadores do MDB para a base do governo, contra a vontade do presidente da sigla, o deputado Baleia Rossi (SP), que é aliado de Maia.

O presidente da República chegou a chamar Baleia Rossi para uma reunião no Planalto, na semana passada. O deputado compareceu ao encontro, mas deixou claro que é contra a entrada da sigla na base governista.

Nesta segunda-feira, 4, Baleia aproveitou as manifestações bolsonaristas em Brasília do final de semana para mandar um recado ao Planalto: soltou nota oficial do MDB em defesa da democracia e contra as agressões a jornalistas ocorridas durante os eventos.

Bolsonaro, no entanto, obteve o apoio do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. Promoveu a reconciliação do mandatário de Brasília com o ex-deputado bolsonarista Aberto Fraga (DEM-DF), um frequentador do Palácio, e prometeu benesses ao governo da capital.

Ibaneis já tentou presidir o MDB, mas foi atropelado por Baleia, com ajuda dos demais governadores do partido. Agora volta à carga na disputa interna da legenda se aliando a Bolsonaro.

O governador era contrário à política do presidente de apoio a aglomerações. Chegou a ser um dos primeiros gestores a apoiar o isolamento social como forma de combate à pandemia.

Depois que foi chamado ao Planalto, passou a defender Bolsonaro e anunciou que está decidido a flexibilizar a presença de pessoas nas ruas. Brasília foi uma das primeiras cidades a se esvaziar e, hoje, a circulação nas ruas e o trânsito voltaram a crescer.

O próximo passo do presidente será no próprio partido de Rodrigo Maia.

Além do ex-deputado Alberto Fraga, Bolsonaro conta com o apoio de outros demistas, como seus ministros da Cidadania, Onyx Lorenzoni, e da Agricultura, Tereza Cristina. A ideia no Planalto é trazer para a base deputados do partido, como o líder Efraim Filho (DEM-PB).

O assédio de Bolsonaro ao Centrão e aos partidos periféricos que antes apoiavam Rodrigo Maia integralmente é um dos motivos que tem levado o presidente da Câmara a recolher suas armas.

Maia não sabe se contará com apoio, no momento, para derrotar em plenário as propostas do governo.

Mas essa disputa ainda está longe do final.