Paulo Guedes transformou reformas em briga pessoal com Rodrigo Maia
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dado a entender a líderes de partidos aliados que não gostaria de ver o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como autor dos próximos projetos de reforma econômica aprovados pelo Congresso.
Os comentários ocorreram durante negociações da reforma tributária. Por conta dessa questão pessoal, Guedes tem confundido o processo de reformas no Congresso mais do que ajudado a avançar.
Ele, na verdade, não gosta do fato de Maia ser considerado o padrinho da proposta de emenda constitucional número 45, a PEC 45, em tramitação na Câmara.
A comissão especial da reforma tributária está discutindo um projeto final com base na PEC 45, da Câmara, e na PEC 110, originária do Senado, mas que tem como verdadeiro autor o ex-deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR).
Guedes enviou ao Congresso, em nome do governo, não uma proposta de reforma, mas apenas um projeto de unificação de dois impostos, o PIS (Programa de Integração Social) e a Cofins Contribuição para Financiamento da Seguridade Social).
Ele ameaça enviar ainda a proposta de criação de algo como um imposto sobre movimentações financeiras digitais. A ideia é recebida no Congresso e pelos agentes do mercado como uma recriação da CPMF.
O ministro tem cobrado da base parlamentar do governo que o projeto final da Comissão da Reforma Tributária não saia com o carimbo da PEC 45, de autoria do líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi (SP). O texto foi elaborado a pedido de Rodrigo Maia sobre um modelo do economista Bernard Appy, diretor do Centro de Cidadania Fiscal.
Resumidamente a PEC 45 defende que cinco impostos sejam substituídos por apenas um, o IBS, Imposto sobre Bens e Serviços.
Guedes não gosta do fato de Maia ter sido apontado como o principal responsável pela aprovação da reforma da Previdência, no ano passado, numa articulação com o atual ministro do Desenvolvimento Regional, Rogerio Marinho.
O ministro é outro que está no centro das reclamações de Paulo Guedes junto ao presidente Jair Bolsonaro.
"Ciúme do homem é terrível", disse ao blog um líder aliado ao governo, sobre o comportamento do ministro da Economia.
O fato é que, ao transformar as articulações políticas do governo em briga pessoal, o ministro embaralha a tramitação no Congresso de projetos de interesse do governo.
Líderes avaliam que, no final do ano, há risco de não ser aprovada reforma alguma, nem mesmo a regulamentação do teto de gastos ou mesmo um projeto de política social em substituição ao auxílio emergencial de R$ 600 da pandemia.
Isolado, Guedes pode até não conseguir evitar o estouro do teto constitucional. Para isso, precisará que sejam aprovados temas difíceis, como mais cortes na Previdência e nos gastos com pessoal do serviço público, nos programas sociais como seguro defeso e abonos.
A nova CPMF, apresentada pelo ministro como "uma solução", tributa em R$ 120 milhões a classe média, segundo os políticos. Rodrigo Maia já disse que não permite que entre na pauta enquanto ele presidir a Câmara.
A proposta de desoneração da folha de pagamentos, não necessariamente gera empregos. Foi feita no governo Dilma Rousseff e as empresas não repassaram os ganhos. Usaram para cobrir o passivo.
No Congresso, Guedes é visto como um ministro completamente isolado. Chega a ser comparado com aquela cena do filme "A queda", em que o ex-ditador alemão Adolf Hitler conversa com seus assessores sobre a guerra como se anda tivesse poder. Sem ver que já estava derrotado.
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