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Tales Faria

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

O PT ajudou no impeachment de Dilma revela presidente do PSB

Chefe da Sucursal de Brasília do UOL

17/02/2022 14h45Atualizada em 18/02/2022 06h32

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*(no final do texto, há uma nota do presidente do PSB enviada após a publicação do post)

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, revelou ao UOL Entrevista: não foi procurado por nenhum dirigente do PT pedindo apoio do partido contra o impeachment da então presidente da República, Dilma Rousseff:

"Nós poderíamos ter evitado. Se metade da bancada do PSB votasse contra, não teria havido impeachment", disse Siqueira, reclamando sobretudo do presidente nacional do PT na época, o deputado Rui Falcão, que, segundo ele, não deu sequer um telefonema.

De fato, quem acompanhou de perto os acontecimentos naquela época estranhou o comportamento do PT. O fato é que Dilma Rousseff não contava nem mesmo com a simpatia da bancada de seu partido no Congresso,

Vale lembrar que o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), só abriu o processo de impeachment depois que a bancada do PT decidiu aderir, no Conselho de Ética, ao pedido de abertura de processo de cassação contra ele.

Siqueira não diz com todas as letras que o partido apoiou o impeachment, mas deixa claro isso quando revela que não foi procurado, exceto pelo então ministro Ricardo Berzoini, coordenador político de Dilma, com o oferecimento de cargos, poucos dias antes da votação, em troca do apoio do partido.

Já era tarde.

A propósito. Em uma entrevista à TV Bandeirantes, o ex-presidente Michel Temer, que foi vice de Dilma, relatou um episódio sobre ao início do processo de impeachment, envolvendo Cunha:

"Em uma ocasião, ele foi me procurar - e isso era umas duas horas da tarde, mais ou menos - dizendo: 'Olha, eu hoje vou arquivar todos os pedidos de impeachment da presidente - e eram dez ou 12 pedidos -, porque prometeram-me os três votos do PT no Conselho de Ética'.

(...)

Pois bem. No dia seguinte, eu vejo logo o noticiário dizendo que o presidente do partido - o PT, naturalmente - e os três membros do PT se insurgiam contra aquela fala e votariam contra [Cunha]. Quando foi três horas da tarde, mais ou menos, ele me ligou dizendo: 'Olha, tudo aquilo que eu disse não vale, porque agora eu vou chamar a imprensa e dar início ao processo de impedimento."

Eis a íntegra da entrevista:

ÀS, 22H21 DESTA QUINTA-FEIRA, APÓS A PUBLICAÇÃO DESTE TEXTO, CARLOS SIQUEIRA ENVIOU A NOTA ABAIXO EM QUE DISCORDA DO TÍTULO "O PT AJUDOU NO IMPEACHMENT DE DILMA, REVELA PRESIDENTE DO PSB". TRATA-SE DE UMA INTERPRETAÇÃO QUE O AUTOR MANTÉM, BASEADA NAS DECLARAÇÕES DE SIQUEIRA. NO ENTANTO, SUA NOTA É REPRODUZIDA ABAIXO, NA ÍNTEGRA, PARA QUE O LEITOR TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES:

"Caro jornalista Tales Faria,

Ao ler sua matéria, publicada nesta quinta-feira, 17 de fevereiro, no Portal UOL, com base na entrevista que dei mais cedo ao UOL News, deparo com uma versão que não guarda, absolutamente, nenhuma correspondência com as afirmações que fiz sobre o PT e o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Perguntado por você e também pela jornalista Fabíola Sidral se o PT teria apoiado ou ajudado a afastar a ex-presidente, o que respondi, na verdade, foi exatamente o contrário do que informa o texto.

Eu disse: "Não. Não faria jamais esta acusação".

Basta assistir o próprio vídeo inserido em sua matéria para constatar a verdadeira afirmação, que desmente o título da matéria.

Afirmei ainda que "a imprensa, os meios de comunicação, o sistema financeiro", sim, "empurraram, ajudaram muito" para o impeachment da ex-presidente.

Manifesto minha total discordância da matéria cujo título induz o leitor a um erro grave, e solicito a reparação da informação, a bem da verdade e do bom debate público.

Atenciosamente,


CARLOS SIQUEIRA
Presidente Nacional do Partido Socialista Brasileiro-PSB"