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Delgatti será usado por campanha de Bolsonaro como "arma secreta"
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Ao presidente do PL, Valdemar Costa Netto, e ao presidente da República, Jair Bolsonaro, com quem se encontrou, o hacker Walter Delgatti não chegou a apresentar nenhuma prova ou fato concreto que possam ser usados contra o PT.
Delgatti invadiu mensagens de autoridades no Telegram cuja divulgação resultou na Operação Vaza Jato, responsável por levar ao descrédito a operação Lava Jato ao revelar bastidores da atuação do juiz Sergio Moro e dos procuradores.
O hacker foi levado ao encontro de Bolsonaro e Valdemar pela deputada Carla Zambelli. Depois de longas conversas no Palácio da Alvorada e na sede do PL em Brasília, a conclusão dos aliados do presidente é de que Delgatti pode ser útil, mesmo que não possua provas de nada, mas desde que seja "bem orientado". Pode, por exemplo, produzir um depoimento no estilo Miriam Cordeiro.
Miriam Cordeiro foi uma namorada do ex-presidente Lula usada contra o petista pelo então candidato Fernando Collor de Mello, na campanha presidencial de 1989. Miriam revelou ao público que Lula era o pai de sua filha, Lurian, antes de se casar com Marisa Letícia.
A revelação não teve o poder de mudar votos, mas abalou Lula emocionalmente, prejudicando sua campanha. Durante o debate eleitoral, Collor apareceu da TV com uma pilha de papéis, como se tivesse outra grande revelação a fazer, desestabilizando o adversário frente às câmeras.
A ideia dos aliados de Bolsonaro é usar Delgatti como uma ameaça semelhante. A avaliação é de que nem o PT tem certeza se o hacker domina alguma informação comprometedora contra o partido.
Mesmo que não tenha nada de concreto a apresentar, qualquer coisa que ele se disponha a falar -sendo verdade ou mentira- sempre servirá para perturbar a campanha. E isto, por si só, já serve de ameaça.
O advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, que acompanhou a sua ida a Brasília na companhia de Carla Zambelli, não quis seguir para a conversa com Bolsonaro no Alvorada.
"Eu dei opção para o Walter ir embora comigo, disse que isso ia gerar um problema gigantesco para ele, para mim e para várias pessoas. Optei por pegar as minhas coisas e sair", disse à revista Veja. Depois disso, registrou boletim de ocorrência na polícia em que afirma que ele e sua família passaram a sofrer ameaças.
No post em que anunciou o seu encontro com Delgatti, Carla Zambelli já utilizou o hacker como uma ameaça.
A equipe de campanha, no entanto, não gostou das insinuações de Zambelli contra os que não têm cabelos, inclusive no Judiciário.
Trata-se de uma alusão ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que irá presidir o Tribunal Superior Eleitoral durante a campanha. Numa hora dessas, não é uma boa escolha brigar contra quem comandará o processo eleitoral.
A ideia agora é recolher Delgatti e deixar formar-se uma onda de mistério em torno de seu possível reaparecimento.
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