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Tales Faria

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Lula disse a Bivar e Alcolumbre: ministros saem se não trouxerem votos

Colunista do UOL

30/12/2022 10h28Atualizada em 30/12/2022 13h42

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O presidente diplomado, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deixou claro para o presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), e para o senador Davi Alcolumbre (AP): a permanência dos ministros depende dos votos do partido na Câmara e no Senado.

Lula disse entender que o União Brasil integrou a base de apoio ao governo Bolsonaro no Congresso e, portando, não votará em peso com o novo governo. Mas espera que, apesar da independência formal, os congressistas "deem os votos necessários à aprovação dos projetos importantes". Segundo ele, o apoio de "boa parte" do centrão "será fundamental".

Bivar e Alcolumbre pediram apenas um tempo para conquistar esses votos na bancada. Tornaram-se padrinhos da indicação dos deputados Juscelino Filho (MA), como ministro das Comunicações, e Daniela do Waguinho (RJ), na pasta do Turismo, além do governador do Amapá, Waldez Góes, para o comando da Integração e Desenvolvimento Regional.

O União Brasil elegeu 59 deputados e apenas cinco senadores, incluindo alguns "votos perdidos", como o do ex-juiz Sérgio Moro (PR). O líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento (BA), chegou a ser indicado para ministro, mas foi vetado pelo PT.

Antes mesmo do anúncio dos futuros ministros, Elmar antecipou à coluna que a legenda não fará parte da base de apoio a Lula no Congresso. "O posicionamento da bancada demonstrará a nossa independência", deixou claro.

Para tentar neutralizar a esperada oposição interna na sigla, Bivar e Alcolumbre pediram a Lula "ministérios de peso". Daí que conquistaram pastas com poder de atração no Congresso.

Lula adotou, então, uma estratégia semelhante à de Bolsonaro ao entregar para o centrão Comunicações, Integração e Turismo.

A diferença é que os nomes escolhidos não têm o mesmo peso no Congresso e no centrão que os nomeados por Bolsonaro.

O então deputado pelo Rio Grande do Norte Fabio Faria, por exemplo, chamado por Bolsonaro para a pasta das Comunicações, além genro de um grande empresário do setor, tinha grande trânsito no Congresso.

Faria havia sido indicado para o cargo pelo então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com quem rompeu só quando este rompeu com o presidente.

Já Juscelino Filho é um típico deputado do baixo clero da Câmara, sem grandes penetrações. Alcolumbre e Bivar terão que levá-lo pelo braço aos gabinetes de cada deputado.

Daniela do Waguinho conseguiu se sair bem na campanha para deputada federal carregada pelo marido, prefeito de Belford Roxo (RJ), conhecido como Waguinho, que puxou a campanha de Lula no estado. Mas também tem pouca penetração na bancada federal.

Já o indicado por Alcolumbre na vaga do União Brasil para ministro da Integração, Waldez Góes, nem pertence ao partido. O ex-governador é do PDT e promete se transferir para a legenda do padrinho.

Ou seja, são todos do centrão, mas não têm o mesmo peso que os integrantes do centrão no governo Bolsonaro. Resta ver se trarão votos. Se não trouxerem, devem ser substituídos ainda neste primeiro ano de governo Lula.