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Arthur Lira impôs primeira derrota ao PT e manteve Juscelino como ministro
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Em política, as coincidências só existem como farsa ou como tragédia. No caso da permanência de Juscelino Filho como ministro das Comunicações, ocorreram as duas coisas.
A farsa foi o discurso do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no mesmo dia do encontro anteriormente divulgado do presidente Lula com o ministro para cobrar explicações sobre uso irregular de um avião da FAB e recebimento de diárias de viagem.
A publicidade dada pelo presidente da República à reunião foi praticamente um anúncio público, e antecipado, de que o ministro poderia ser demitido. Havia outros motivos para ele ser afastado da pasta, além desse caso da viagem para participar de um leilão de cavalos.
O primeiro era a própria inadequação curricular de Juscelino Filho ao cargo. Ele nada entendia de telecomunicações ou coisa parecida. Como deputado era conhecido pela autoria de um único projeto, o que instituía o Dia do Cavalo.
Além disso, o então deputado pelo União Brasil havia destinado verbas do orçamento secreto para a construção de uma estrada que beneficia fazendas de sua família no Maranhão. E a obra foi entregue a uma empresa que teria como sócio secreto, segundo a Polícia Federal, um amigo do ministro.
Pois é. Eis alguns sinônimos dos dicionários para a palavra "farsa": ardil, artimanha, cilada, conluio.
E por que o discurso de Arthur Lira, nesta terça-feira (7), durante evento na Associação Comercial de São Paulo, tem tudo para ser classificado como uma farsa?
Porque o presidente da Câmara aproveitou o momento do encontro de Lula com Juscelino para avisar que os rumos políticos do Brasil começam a ser definidos agora que o carnaval passou, e que o presidente Lula não tem votos suficientes para aprovar projetos. Disse Lira:
"Nós teremos um tempo para que o governo se estabilize internamente. Porque, hoje, o governo ainda não tem uma base consistente nem na Câmara, nem no Senado, para enfrentar matérias de maioria simples, quanto mais matéria de quórum constitucional."
Ou seja, não é hora de um governo que precisa se estabilizar internamente sair demitindo o ministro que representa um partido tão forte como o União Brasil no centrão da Câmara, que é liderado por Arthur Lira.
Pronto, estava explicitado o conluio do centrão
E a tragédia, qual foi? A tragédia foi o presidente Lula se ver obrigado a jogar-se de cabeça na cilada armada contra o governo. A tragédia também foi esse ardil ter contado com a ajuda do partido do presidente, o PT.
Tudo que Lula não precisava era que a presidente nacional do PT, deputado Gleisi Hoffmann (PR), viesse a público cobrar, como cobrou, a saída do ministro indicado por outra sigla. O União Brasil protestou, Lira demonstrou sutilmente solidariedade e o risco de o governo perder votos no Congresso para as reformas constitucionais que tanto precisa. E Lula acabou obrigado a manter o ministro no cargo.
Foi a primeira queda-de-braço entre Lira e o PT de Lula. E o presidente da Câmara venceu.
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