Para aderir ao governo, União Brasil agora cobra convite a Arthur Lira

O líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), disse ao ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, que a bancada só integrará de fato a base governista se o presidente Câmara, Arthur Lira (PP-AL) também for convidado.

Elmar Nascimento e Rui Costa almoçaram juntos nesta quarta-feira, 14, na residência do deputado em Brasília. O almoço foi marcado para avaliar o andamento das negociações para o apoio formal do União Brasil ao governo.

O líder do partido disse ao ministro que a bancada se considerará melhor contemplada com a substituição — já acertada — da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, pelo deputado Celso Sabino (União-PA).

Também foi informado a Rui Costa que o ministro Juscelino Filho passou a ser considerado como um representante legítimo da bancada no governo. Embora deputado eleito pelo partido, Juscelino havia sido indicado pelo senador Davi Alcolumbe (União-AP), o que causou resistência inicial entre os deputados.

Segundo Elmar Nascimento, essas arestas foram superadas, pois desde que assumiu, Juscelino Filho buscou se aproximar mais dos deputados do partido. E conseguiu.

No entanto, apesar de agora ter dois ministros considerados de fato representantes dos deputados, Elmar Nascimento disse a Rui Costa que isto não significará a adesão formal do União Brasil da Câmara à base governista.

"Com a posse de Juscelino, teremos resolvido desencontros entre a bancada e o governo do início da formação do ministério. Mas isso não significa ainda a adesão formal à base", disse Elmar Nascimento.

Ele afirmou ao ministro: "Não há hipótese de apoiarmos formalmente o governo se o presidente Arthur Lira estiver fora da base governista."

Rui Costa perguntou o que levaria Arthur Lira para a base governista. O deputado respondeu que um "convite formal do presidente" Luiz Inácio Lula da Silva. A partir desse convite, Lira e Lula negociariam a base do acordo.

A especulação entre deputados do União Brasil e do PT é que Arthur Lira pretende indicar um "ministro forte" no governo e centralizar a distribuição de benesses entre os deputados do centrão.

O tal ministério forte poderia ser o da Saúde, ou algo ligado à articulação política dentro do Palácio do Planalto. No governo Bolsonaro, Lira indicou Flávia Arruda como ministra-chefe da Secretaria de Governo, dentro do Planalto.

Apesar das resistências entre os partidos de esquerda a entregar tanto poder para Arthur Lira, o ministro Rui Costa deu a entender ao líder que Lula pode aceitar a ideia. Ele ficou de levar a proposta de Elmar Nascimento ao presidente, mas não deu garantias.