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Tales Faria

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Lula saiu das cordas, mas tem novos rounds contra Lira pela frente

Colunista do UOL

16/06/2023 06h00

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Após embates entre o governo e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que chegou a reclamar da desarticulação política no Palácio do Planalto e criticar Rui Costa, ministro da Casa Civil, e Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, os sinais são de trégua entre Lira e Lula.

Durante o programa Análise da Notícia, o colunista do UOL Tales Faria afirmou que Lira percebeu que precisa do governo e, por isso, "ficou mais manso".

Lula saiu das cordas, mas tem novos rounds contra Lira pela frente.
Tales Faria

Momento de fragilidade do governo. Nos primeiros meses de 2023, Lula viajou pelo mundo e, apesar de fazer sucesso no exterior, deixou a casa desarrumada no Brasil. Arthur Lira reclamava de desarticulação política e também falava-se em reforma ministerial, mas, ao suspender viagens por um tempo e retomar conversas com os partidos, Lula conseguiu contornar a situação e acabar com a sensação de que tudo daria errado para o governo.

Ministros do União Brasil. Daniela Carneiro, ministra do Turismo, e Juscelino Filho, das Comunicações, não eram reconhecidos pela bancada do próprio partido e isso alimentava mais ainda a ideia de reforma ministerial. Mas, na avaliação de Tales, havia "muito jogo de cena" nessa questão e a substituição de Daniela e nova postura de Juscelino, circulando entre a bancada e atendendo deputados, pode fazer com que boa parte da bancada do partido saia de perto de Lira para começar a apoiar e "entrar" no governo.

Lira precisava mostrar poder. A disputa pela sucessão da Câmara já começou e Lira precisava não ser atropelado por adversários em Alagoas e antigos aliados na Câmara e, por isso, comprou briga com o governo. O atual presidente da Câmara planejava se candidatar ao Senado, mas já começa a sentir sinais de possível derrota ao ver que aliados do senador Renan Calheiros (MDB-AL) caminham para vencer as eleições municipais na maioria das prefeituras do estado.

Lira errou em estratégia de sucessão. Ao escolher muito cedo Elmar Nascimento (União Brasil-BA) como seu sucessor na Câmara, Lira deixou espaço para a formação de um forte bloco adversário dentro dos partidos de centro, que já contam com vários pré-candidatos nos bastidores. Para manter seu poder, Lira precisa desesperadamente do governo para ser o centro de distribuição das benesses e, por isso, baixou a guarda nessa disputa.

Desejo de ministério. Lira também ficou mais manso porque deseja um ministério forte, como o da Saúde, por exemplo. Lula, entretanto, não está propenso a atender esse desejo.

Lira não foi a nocaute. Apesar de Lula ter reagido para Lira "baixar a bola", o presidente da Câmara ainda não foi a nocaute e tem muito poder.

Ainda há muitos rounds pela frente, Lira não foi a nocaute e não parece que vai cair tão cedo. Ele é presidente da Câmara, domina a pauta do Congresso e detém muito poder. Ainda tem um ano e meio pela frente e acho que Lula vai tentar manter a relação em banho-maria, não brigando e deixando os lobos se comerem no Congresso.
Tales Faria

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O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa: