Centrão mandou recado de que faltam votos a Lula contra um impeachment
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) apresentou uma emenda estapafúrdia ao projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias. A proposta acabou aprovada nesta terça-feira, 19, com o voto de 305 deputados contra 141.
O texto é não tem sentido, porque proíbe que o Orçamento de 2024 destine recursos para o que já é proibido, como invasões de terras, cirurgias em crianças para mudança de sexo, abortos não previstos em lei e outras ações que tocam os bolsonaristas.
De qualquer maneira, o governo avisou que vetará esse ponto.
Mas a votação na verdade serviu para o conglomerado de partidos de centro-direita chamado centrão mandar um recado ao Palácio do Planalto.
O centrão é quem comanda o Congresso. Mostrou que, caso se junte à oposição bolsonarista, faltarão ao governo os votos suficientes até para barrar a abertura de um eventual processo impeachment contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para a abertura do processo, segundo a Constituição, é necessária a aprovação de dois terços dos 513 deputados. Ou seja 342 votos em plenário. Isso significa que, para barrar a abertura do processo, é preciso pelo menos um voto acima de um terço da Casa.
O governo Lula precisaria, portanto, garantir o apoio de 172 deputados para evitar a abertura do processo de impeachment. Daí o efeito demonstrativo da votação, na quarta-feira, da emenda bolsonarista à LDO.
Se o governo só consegue juntar 141 votos para barrar uma proposta absolutamente estapafúrdia, dificilmente conseguiria 172 votos contra o impeachment numa situação de conflagração política, como a que ocorreu nos governos dos ex-presidentes Dilma Rousseff e Fernando Collor de Mello. Eles acabaram expulsos do Palácio do Planalto.
O deputado Lindbergh Farias viveu esses dois momentos. No caso de Collor, como dirigente da União Nacional dos Estudantes, pedindo nas ruas o impeachment. No caso de Dilma, como parlamentar contrário ao processo. Agora, ele aponta:
"A votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias mostrou que, de fato, não temos votos sequer para barrar o processo de impeachment. Estamos brincando com fogo. O centrão está engessando o Orçamento da União. Na hora que o presidente Lula tentar se libertar, pode ser que não tenhamos mais como resistir".
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