Adiar eleições, como sugere Eduardo Leite, seria prêmio aos maus prefeitos
Em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta segunda-feira (20) foi perguntado ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), se as eleições no estado deviam ser adiadas por causa das enchentes.
Ele respondeu que se trata de "um debate pertinente".
O governador apareceu então com a seguinte explicação:
"O Rio Grande do Sul estará em reconstrução, ainda em momentos incipientes, em que trocas de governos municipais podem atrapalhar esse processo. O próprio debate eleitoral pode acabar dificultando a recuperação."
Alguém tem que explicar ao governador que eleições só devem ser adiadas quando não há condições técnicas para que ocorram.
Ele poderia dizer: "Se as pessoas ou as urnas não tiverem como chegar aos locais de votação, sim, as eleições terão que ser adiadas."
Mas será um atentado à democracia se as eleições forem adiadas simplesmente para não se trocar os gestores municipais em meio à reconstrução das cidades.
Neste caso, seria concedido um prêmio àqueles prefeitos que não cuidaram de tomar medidas preventivas em sua cidade contra desastres climáticos.
Alguns desses, poderão até ser reeleitos. Mas essa é uma decisão do eleitor. Faz parte do processo democrático. O eleitor julga se o prefeito fez o que podia, se tinha motivos razoáveis para não ter se prevenido.
A premiação antecipada, com o prolongamento do mandato, será uma forma de tirar dos eleitores o direito de julgar a atuação de seus representantes.
O que tem que ser feito é a Justiça eleitoral designar uma força-tarefa para o analisar, caso a caso, a possibilidade de cada município realizar eleições neste ano.
O pleito seria adiado apenas nos municípios onde não houver condições para o eleitor chegar ou as urnas chegarem aos locais de votação. Simples assim.
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