Queiroz recebeu "mamadeira com Nescau" quando o escândalo estourou
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Uma semana depois de os Bolsonaro receberem o recado de um delegado da Polícia Federal de que o nome de Fabrício Queiroz iria surgir no escândalo da "rachadinha", o assessor de Flávio Bolsonaro e amigo de mais de trinta anos de Jair Bolsonaro foi exonerado de suas funções no gabinete de Flávio, então deputado estadual no Rio.
Mas não foi deixado ao léu.
O aviso do delegado amigo chegou aos Bolsonaro uma semana depois do primeiro turno, em 7 de outubro de 2018. Dois meses depois, quando o jornal O Estado de S. Paulo trouxe o caso à luz, Jair Bolsonaro pediu a Gustavo Bebianno, então seu homem de confiança e futuro ministro, que cuidasse do problema.
O empresário Paulo Marinho, melhor amigo de Bebianno e suplente de Flávio no Senado, marcou então uma reunião entre o filho mais velho do presidente eleito e os advogados Antonio Pitombo e Christiano Fragoso, dos escritórios Moraes Pitombo e Fragoso Advogados. A reunião aconteceu no dia 13 de dezembro.
A ideia era montar uma estratégia para circunscrever o escândalo ao nome de Queiroz. Por via das dúvidas, Fragoso reservou um defensor para cuidar de Flávio e Pitombo nomeou outro para, caso fosse preciso, tratar de Jair Bolsonaro. Já Queiroz, o pivô do problema, não poderia aparecer em público acompanhado de representantes de dois dos escritórios mais renomados e caros do Brasil.
Assim, ficou combinado que Christiano Fragoso iria orientar a defesa de Queiroz, mas indicaria um profissional menos conhecido para aparecer ao lado do assessor de Flávio Bolsonaro. Ralph Hage Vianna foi o escolhido.
Queiroz, inicialmente, estava assustado. Para acalmá-lo, o entorno de Bolsonaro passou a dar-lhe "colo, carinho e tratamento à base de mamadeira com Nescau", nas palavras de um dos advogados envolvidos na operação. Este advogado disse não saber se o trato com Queiroz envolveu dinheiro. Até onde foi informado, a "mamadeira" incluía unicamente promessas de "não abandono" e de assistência jurídica.
Assim, logo depois da reunião entre Flávio e os advogados Pitombo e Fragoso, o advogado Victor Alves, amigo de Flávio e até hoje funcionário de seu gabinete, levou Queiroz para conhecer Ralph Hage Vianna no suntuoso escritório Fragoso, no centro do Rio. A ideia era impressionar o assessor e mostrar que ele estaria "bem cuidado". Deu certo. Queiroz saiu de lá dizendo que o escritório era um "espetáculo", lembra Paulo Marinho. "Rapaz, é mármore por todo canto!", comentou.
Combinou-se que Queiroz compareceria ao interrogatório marcado pelo Ministério Público para o dia 19 de dezembro. Lá, a única coisa que ele diria seria que tudo o que ocorreu era de inteira responsabilidade sua e que nenhum Bolsonaro tinha qualquer coisa a ver com o que estavam chamando de "rachadinha". No dia 17 de dezembro, no entanto, dois dias antes da data do depoimento, Jair Bolsonaro, convencido pelo advogado Frederick Wasseff, mandou abortar a operação. Queiroz não deveria mais comparecer ao interrogatório. "Vamos resolver de outra maneira", disse o presidente eleito.
Desde então, o caso saiu da Justiça do Rio e subiu para o STF. Advogados de Flávio continuam até hoje tentando suspender a investigação e Queiroz desapareceu da face da terra. Se continua à base de mamadeira com Nescau, não se sabe.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.