A CPMF vem aí
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Foi o vice-presidente Hamilton Mourão quem colocou a cabeça para fora. Mas, entre os principais ministros do governo Bolsonaro, já é consenso de que a criação de um imposto nos moldes da CPMF é imprescindível para o Brasil conseguir investir na recuperação pós-pandemia.
Na segunda-feira, em entrevista a uma plataforma de investimentos, o vice encaixou o assunto sem que ninguém tocasse nele.
"Em relação à [reforma] tributária, a nossa proposta, que vinha sendo costurada até a saída do Marco Cintra, era aquela proposta do IVA anual. E aí entrava aquela questão do imposto sobre transações financeiras, que parece ser o Grande Satã da reforma tributária."
O ex-secretário da Receita Marco Cintra foi demitido em setembro do ano passado por defender em público uma reedição da extinta CPMF. Na ocasião, o ministro Paulo Guedes, mesmo sendo um entusiasta do projeto, decidiu calar-se diante da demissão do subordinado.
Em entrevista dada depois da sua exoneração, Cintra afirmou não ter ficado magoado com o silêncio de Guedes. O presidente Bolsonaro, disse ele, "está sempre monitorando a opinião de seus grupos de apoio". E os "grupos de apoio" (leia-se "redes sociais") reagiram mal à ideia da CPMF.
Bolsonaro não mudou de opinião desde então — continua sendo visceralmente contra a ressurreição do imposto.
E é por isso que seus assessores mais próximos - generais quatro estrelas incluídos — defendem o projeto apenas à boca pequena.
Não querem ser o novo Cintra.
Assim, sobrou para o indemissível Hamilton Mourão a tarefa de jogar o assunto no ar.
"Eu acho que tem que ser discutido. O presidente é contra, ele não quer jogar esse assunto na mesa por causa da memória da antiga CPMF, mas a gente sabe que o nosso sistema tributário é complicado", disse na entrevista.
E completou:
"Mais cedo ou mais tarde, essa discussão vai ter que ser colocada na mesa."
Já está. Se vingará ou não, dependerá agora de como a opinião pública -sobretudo a das redes— irá digeri-lo.
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