Topo

Thaís Oyama

Por que as eleições de 2022 serão totalmente diferentes de 2018

Colunista do UOL

27/07/2020 13h42

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Nas eleições de 2018, quando os candidatos falavam de economia, falavam da "retomada do crescimento".

Mesmo com pequenas variações na fórmula, havia um consenso sobre o que NÃO se queria: a volta do intervencionismo varguista e da irresponsabilidade fiscal, por exemplo — práticas do ruinoso governo Dilma Rousseff que levaram o país a uma recessão da qual ele só começou a sair no segundo semestre de 2017.

Isso posto, o embate em 2018 se deu em outro campo. Tratava-se de optar entre o petismo e o antipetismo; debater a corrupção e o seu combate; contrapor o ideário "progressista" da esquerda às preocupações da "nova direita", como a escalada da criminalidade, do ateísmo e a chamada ideologização das escolas e do sexo.

Em 2018, a economia era um pano de fundo que despertava mais convergências do que paixão.

Já em 2022, nada importará mais do que ela.

"No Brasil pós-pandemia, a discussão girará em torno da depressão econômica, do desemprego e da renda mínima", avalia o economista Maurício Moura, CEO do Ideia Big Data e professor da Universidade George Washington.

Por sua intensidade e ineditismo, esses assuntos irão se impor e direcionar o discurso dos contendores — por enquanto mais numerosos no campo da direita e centro-direita. Além de Bolsonaro, estão lá o ex-ministro Sergio Moro, o governador João Doria e o ex-ministro Henrique Mandetta (apenas este último, tirando o presidente, assumiu ser pré-candidato).

Bolsonaro começa a dar piscadelas para o populismo fiscal. Cederá a ele? Se isso acontecer, Paulo Guedes e sua doutrina liberal sobreviverão? Além da cantilena do imposto sobre as grandes fortunas, com que armas a esquerda entrará em campo? O discurso do "bom gestor" alavancará o até agora empacado João Doria? E que escudos escolherão o ex-juiz Moro e o ortopedista Mandetta para a batalha da economia num cenário de terra arrasada?

No final do ano, a mais promissora das vacinas contra o coronavírus, a da Universidade de Oxford, chegará à última fase de testes. Tudo dando certo, a perspectiva do controle da pandemia irá produzir um otimismo que fatalmente conduzirá o país à discussão sobre a recuperação econômica. No mesmo período, encerra-se o capítulo das eleições municipais. E 2022 estará pronto para entrar em cena — uma campanha como nunca se viu.