A essa altura, já tanto faz se Paulo Guedes fica ou sai
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O "chega pra lá" público que o presidente da República deu no seu ministro da Economia —e que teve como resposta um resignado "deixa estar, ele é assim mesmo" — evidenciou o que já se suspeitava: quem manda na pasta não é o Posto Ipiranga, mas Jair Bolsonaro, e o Posto Ipiranga parece disposto a adaptar seus princípios liberais aos desejos do chefe.
Sendo assim, a ameaça de o governo aumentar o gasto público de forma a colocar em risco o ajuste fiscal permanece na mesa com ou sem Guedes no cargo.
Bolsonaro não quis "fritar" seu ministro com o discurso de ontem em Minas Gerais.
"Não vou tirar dos pobres para dar aos paupérrimos", afirmou.
O que o presidente fez foi usar o ministro como escada para subir no palanque. O ex-capitão que defendia o fim do Bolsa Família por considerá-lo um programa destinado a transformar "pobres coitados e ignorantes" em "eleitores de cabresto do PT", agora está encantado com seu novo personagem, "Bolsonaro, o pai dos pobres".
E pai dos pobres não tira dos pobres.
Ocorre que, se quiser mesmo aumentar o valor do Bolsa Família para colocar nele a sua digital sem cortar despesas, Bolsonaro não escapará de duas medidas que prometeu jamais tomar: aumentar impostos e furar o teto de gastos, este já com muitas goteiras.
Projeções do mercado financeiro mostram que, mesmo obedecendo à regra do teto, o Brasil só voltará a ter algum superávit primário no final do próximo governo, entre 2026 e 2027.
Paulo Guedes, ao afirmar que o presidente está fazendo o seu "papel de político" quando o esculhamba, mostrou que topa vestir a fantasia de "bad cop" enquanto Bolsonaro desfila com a sua, de delegado bonzinho.
Mas nas coxias desse teatro, todo mundo sabe que decisão de gasto público é decisão política —e ela nunca esteve tão distante dos domínios do Posto Ipiranga.
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